Desporto

Beijo polémico: Rubiales "não fez o que devia", agora dará "explicações ao tribunal"

O secretário de Estado do Desporto garante que perante uma “situação inaceitável, temos que fazer mudanças” e como Luis Rubiales “não tomou” as medidas necessárias, “tomaremos nós”. Já em curso o pedido para a suspensão imediata do presidente da Real Federação Espanhola de Futebol.

Beijo polémico: Rubiales "não fez o que devia", agora dará "explicações ao tribunal"
AFP7/Getty Imagens

O dia começou com as explicações públicas do homem mais falado (e criticado) do momento: Luis Rubiales, presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF). Mas para surpresa de todos, incluindo do Governo espanhol, afirmou: “Não me vou demitir”. Em ação entrou logo o Conselho Superior do Desporto (CSD) que remeteu as denúncias ao TAD para a suspensão imediata de Rubiales.

Depois do polémico beijo que deu em Jenni Hermoso, jogadora da seleção espanhola, Rubiales tomou a decisão de não se demitir, algo que “nem as jogadoras das seleções, nem o Governo e, sobretudo, a sociedade espanhola esperavam”, disse o secretário de Estado espanhol do Desporto, Victor Francos.

"Não queríamos tomar nenhuma atitude antes da Assembleia desta manhã", mas “o senhor Rubiales não tomou as medidas que esperávamos, provando não estar à altura”, voltou a dizer, em conferência de imprensa, Victor Francos.

“Não fez o que devia (…). Consideramos, com todo o respeito, que as explicações que deu hoje não correspondem às atitudes que teve. Queremos ser claros: a Assembleia não resolveu a situação (...) e as explicações não são suficientes. Mas queremos assegurar que (…) o percurso [de Rubiales] na presidência da Federação acabou”.

Agora “terá de dar explicações ao tribunal”, afirmou, prometendo em breve anunciar oficialmente a suspensão de funções do ainda presidente da RFEF.

“Hoje era o dia de pedir desculpas”

Já durante as perguntas dos jornalistas, o secretário de Estado, que é também presidente do Conselho Superior do Desporto, disse que soube da decisão de Rubiales pela rádio e se aí “não soou bem”, o que viu depois na televisão ainda gostou menos.

“A decisão devia ser dele, mas como não tomou medidas, tomaremos nós”, garantiu Francos, dizendo que aquilo que se esperava era um pedido de desculpas público, mas em vez disso optou por “atacar”.

“Hoje era o dia de pedir desculpas”, reiterou o governante, defendendo que “é muito difícil” estarmos no sentido certo quando “todos estão a andar no sentido contrário da pista”. Ora, concluiu, Rubiales “não mudou o sentido, por isso será o Governo a pará-lo”.

“Não me vou demitir”

Em conferência de imprensa ao final da manhã desta sexta-feira, o dirigente espanhol que tem estado nas “bocas do mundo”, após ter beijado sem consentimento uma jogadora da seleção espanhola, surpreendeu tudo e todos ao anunciar que não se vai demitir. Mais. Rubiales revelou que irá recorrer às instâncias judiciais para se defender das acusações.

"Foi [um beijo] espontâneo, mútuo, eufórico e consentido, o que tem sido o mote de todas as críticas. Foi consentido, esta jogadora tinha falhado um penálti e eu tenho uma grande relação com todas as jogadoras, fomos uma família durante mais de um mês e tivemos momentos carinhosos durante toda a concentração", justificou o dirigente na intervenção durante a Assembleia.

O responsável da RFEF justificou que, durante a cerimónia, a jogadora quase o levantou no ar e que se abraçaram, num momento que repetiu ter sido de entendimento mútuo, em que riram e em que Hermoso até lhe deu uma palmada amigável nas costas.

"Não há desejo, nem posição dominante, as pessoas sabem disso", referiu, acrescentando que estão a tentar fazer-lhe um "assassinato social".

No seguimento, o dirigente, e ao contrário do que fontes federativas tinham admitido na quinta-feira à agência EFE, disse que não se demitirá.

"Não me vou demitir, não me vou demitir", declarou, acusando membros do Governo, a imprensa e outras personalidades de quererem fazer "um assassinato de caráter", acrescentando que irá processar quem o acusou de "violência sexual".