Antigo jogador do Barcelona e internacional espanhol, Gerard Piqué foi um dos melhores centrais da sua geração. Agora, fora dos relvados, parece ainda ter vontade de fazer a diferença. As suas ideias são, de certo modo, disruptivas com o que existia no futebol. Há um ano, Piqué fundava a Kings League, um novo jogo.
Muitos não fazem ideia do que se trata, ou não conhecem as regras, mas a Kings League, que já levou à criação da Queens League (versão feminina) e da Kingdom League, tem conquistado fãs e o plano é de expansão. Trata-se, portanto, de uma competição diferente, próxima ao modelo norte-americano, que tem uma visão de desporto mais ligada ao entretenimento.
“É um projeto que tem 11 meses. Estamos verdes em muitas coisas. Acreditamos que é um conceito que veio para ficar. Isto faz com que surjam projetos com o mesmo modelo e queremos agora expandir-nos globalmente, ser a FIFA deste formado”, disse Piqué, no âmbito do Business Sport Forum.
A competição, até agora difundida em Espanha, Estados Unidos e Ásia, quer entrar na América do Sul em 2024.
O que muda na Kings League?
Transmitida via streaming, a Kings League nasce voltada para o mundo digital e para as redes sociais, de modo a conquistar novas audiências. É, por isso, uma competição que segue a tendência moderna tão bem exemplificada pelo TikTok: quanto mais curto e apelativo, melhor.
- Jogos de 40 minutos, com 20 minutos cada parte
- Não há empates. Se terminar igualado, há penáltis (batidos em movimento)
- Substituições ilimitadas
- Cartões vermelhos expulsam um jogador, que, no entanto, pode ser substituído por outro
- O jogo começa com a bola ao centro, mas com as equipas afastadas, uma em cada lado do campo
Além destas mudanças, cada equipa recebe cinco cartas de ouro no início de cada partida:
- Penálti instantâneo
- Expulsar um adversário durante dois minutos
- Roubar uma carta ao adversário
- Durante um minuto, cada golo marcado vale por dois
- Joker (permite escolher qualquer uma das regras anteriores)
“O futebol concorre com as redes sociais e a Netflix”
A lógica por detrás da competição é, sem dúvidas, de mercado. O público alvo é uma geração que nasceu num mundo digital e parece ter cada vez menos paciência para um jogo de 90 minutos.
“O futebol concorre com a Netflix e também com as redes sociais. As pessoas passam horas e horas nisso. É evidente que o futebol está em competição com tudo isso (…) No fim das contas, o desporto caminha para que as competição sejam mais curtas. O exemplo claro é a NFL, que faz o país [EUA] parar durante quatro meses”, afirmou Piqué.
Para o fundador da Kings League, o futebol deveria passar por uma mudança de calendário, pois não faz sentido “ ter 80 jogos num ano”.
“Há demasiados jogos e as pessoas nem sabem o que se está a jogar. Depois, o nível desportivo baixa”.
Ainda assim, Piqué recusa ideias como a da SuperLiga Europeia, por não serem democrática. "O mérito desportivo tem que prevalecer e por isso sou contra".
- Nota: por ter apenas um ano, a Kings League tem feito ligeiras alterações nas regras do jogo com o passar do tempo.