A final da Taça da Liga reservou-nos desde o início uma surpresa. SC Braga e Estoril não eram os favoritos a chegar até aqui, mas chegaram e, principalmente durante a primeira parte, brindaram os adeptos com uma final agitada. Os canarinhos marcaram cedo, os minhotos empataram com uma pintura de Ricardo Horta. Só nos penáltis o assunto ficou arrumado.
Ficará na memória do adepto bracarense, mais do que a decisão a partir da marca de 11 metros, o golo do capitão. Horta, que fora durante muito tempo um dos alvos mais apetecidos pelo Benfica, ficou em Braga, ao contrário de outros. Era como se a direção de António Salvador mandasse uma mensagem para os três grandes, a dizer que os tempos mudaram, mesmo que o troféu do campeonato ainda não tenha tido o mesmo destino que o da Taça da Liga.
Esta, a terceira prova do futebol português - que a partir de 2026 será jogada no estrangeiro - foi parar a Braga pela terceira vez. No jogo contra o Estoril, tudo começou muito cedo. A final, que imaginava-se aberta face ao estilo das duas equipas, teve os primeiros minutos em alta rotação. Com menos de cinco, José Fonte cometeu um erro e derrubou Cassiano dentro da área. A reação do árbitro Fábio Veríssimo foi marcar falta do avançado, mas a decisão foi revertida ao consultar o VAR: penálti para o Estoril.
O próprio Cassiano dirigiu-se à marca dos 11 metros e, com a tranquilidade de quem está a brincar com os amigos, direcionou a bola para as redes da baliza de Matheus, que até adivinhou o lado, mas não alcançou a bola.
Mas voltemos ao início, um pouco antes da bola rolar. É que houve mudanças, em ambos os lados. Artur Jorge fez apenas uma mudança em relação à vitória frente ao Sporting, nas meias-finais. Abel Ruiz, que entrara para a marcar o golo da vitória contra os leões, começou de início na final. Já Vasco Seabra, impedido de utilizar Rodrigo Gomes - por estar cedido pelos bracarenses - lançou Tiago Araújo, mas fez outras duas mudanças: Pedro Álvaro e João Marques saltaram para o onze, nos lugares de Volnei Feltes e Heriberto Tavares.
Dono de um arsenal ofensivo que poucos ostentam em Portugal, mesmo com as ausências de Bruma e Banza, o SC Braga subiu as linhas e começou a ameaçar Dani Figueira. O guardião estorilista, que deixara uma exibição de luxo frente ao Benfica, começava a operar alguns milagres, travando Ricardo Horta e Abel Ruíz.
Mas Horta, símbolo de uma equipa que compete cada vez mais no topo do futebol nacional, deixou ao minuto 20 uma obra prima em Leiria, uma jogada de laboratório que terminou em arte. Salazar marcou um canto aberto, para a entrada da área e Ricardo, sem deixar a bola tocar no relvado, mandou-a beijar as redes de Dani Figueira, que desta feita só pôde segui-la com os olhos.
O Estoril, como manda o seu ADN, voltaria aos poucos a disputar a posse com os minhotos, favoritos teóricos nesta final. Após 30 minutos de pouca pausa, o rítmo do encontro esfriou.
Volvidos os 15 minutos de descanso, os treinadores foram mexendo. E o jogo, que continuou equilibrado, foi perdendo emoção. O Estoril até entrou na segunda parte mais pressionante, incomodando os médios dos minhotos, mas foram poucas as oportunidades flagrantes na etapa final. Em certo ponto, talvez por cansaço, ou pelo natural nervosismo de uma final importante para as duas equipas.
Foram necessários os penáltis para arrumar o assunto. O SC Braga acertou as cinco, o Estoril falhou na última, pelos pés de Tiago Araújo. O título fica nas mãos dos minhotos, mas os “canarinhos”, que tão perto ficaram do primeiro título neste patamar, também merecem aplausos.