Economia

Chumbo do PEC gerará dificuldades adicionais de financiamento, alerta Teixeira dos Santos

O ministro das Finanças advertiu hoje que o chumbo do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) provocará a reapreciação do risco do Estado Português por parte das agências de rating e gerará dificuldades adicionais de financiamento.

Os avisos de Teixeira dos Santos foram feitos no discurso de abertura do debate sobre o Programa de Estabilidade e Crescimento, no qual, sobretudo na parte final, deixou várias críticas à atuação do PSD e CDS, embora sem mencionar estes partidos.



A recusa do PEC, de acordo com o ministro de Estado e das Finanças, "vai muito provavelmente provocar a imediata reapreciação do risco do país por parte das agências de rating, com consequências imediatas na sua classificação" e "agravará as condições dos mercados financeiros, o que gerará dificuldades adicionais ao financiamento do país".



Face a estas alegadas dificuldades, Teixeira dos Santos deixou uma questão dirigida às forças da oposição: "Se reprovar o PEC não afasta a necessidade de sacrifícios, qual é o sentido de responsabilidade daqueles que com a sua recusa vão colocar o país numa situação financeira ainda mais grave, da qual resultarão sacrifícios ainda maiores para os portugueses?".



A seguir, também numa nota eminentemente política, o ministro de Estado e das Finanças criticou a atuação do PSD e CDS, acusando-os de pretenderem chegar ao poder a qualquer custo.



"Posso compreender a ansiedade daqueles que, estando afastados há seis anos do poder, tanto anseiam por ele. Não compreendo, porém, que queiram chegar ao poder impondo tamanho custo aos portugueses", disse.



Em contraponto, Teixeira dos Santos procurou demarcar-se das lógicas de "imagem" ou de "calculismo político" e justificou o motivo que o levou a avançar com medidas de austeridade.



"É meu dever, minha responsabilidade avançar com as medidas que podem ajudar o país a ultrapassar as dificuldades com que se depara. A minha lealdade perante o país a isso me obriga. Tem sido esse, desde sempre, o meu compromisso com os portugueses e não é agora que me vou desviar dele por razões de imagem, de conveniência ou de calculismo político", declarou.



Na perspetiva do ministro das Finanças, "impedir que o país prossiga neste ajustamento não livrará os portugueses dos sacrifícios que são necessários".



"Pelo contrário, poderá obrigá-lo a sacrifícios ainda maiores", sustentou, num discurso em que avisou que a consolidação orçamental "não cai do céu", exigindo "ação e medidas".



"Temos que poupar, temos que consumir menos",
considerou ainda o ministro de Estado e das Finanças na sua intervenção.



(Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico)

Lusa