Economia

Seguro garante que o Governo não terá colaboração do PS para mais cortes

O secretário-geral do PS, António José Seguro,  disse hoje que o Governo "não terá a colaboração" dos socialistas para mais  cortes, quer no que se refere ao próximo Orçamento quer nas futuras negociações  com a 'troika'.  

NUNO VEIGA

Em Estremoz, Seguro foi questionado sobre o desafio lançado pelo porta-voz  do PSD, Marco António Costa, para que o PS trabalhe com o Governo para o  sucesso das oitava e nona avaliações do programa de resgate a Portugal.

"Já tive oportunidade de dizer ao primeiro-ministro, não é de agora,  que é necessário que abandone a política de cortes. Persiste, naturalmente  que não tem a colaboração do PS", respondeu o líder socialista. 

O secretário-geral do PS insistiu, por outro lado, que um Orçamento  do Estado (OE) "com cortes nunca terá o voto" favorável dos socialistas  e desafiou o primeiro-ministro a "ouvir" o "apelo" que lhe fazem os portugueses.

"O apelo que, neste momento, faz sentido é o apelo que os portugueses  fazem para que o primeiro-ministro não faça cortes nas pensões, nas reformas,  na educação pública e na saúde", argumentou. 

Esse é "o grande apelo que o país faz", mas, "pelos vistos, o primeiro-ministro  é insensível" ao mesmo, disse o líder socialista, deixando um desafio a  Pedro Passos Coelho: "O primeiro-ministro tem que ouvir os portugueses e  mudar de caminho". 

António José Seguro falava aos jornalistas em Estremoz, onde visitou  e conversou com uma família que atravessa dificuldades, constituída por  um casal desempregado e com dois filhos em idade escolar. 

Depois de estar reunido com esta família, o líder socialista reagiu,  em declarações aos jornalistas, ao apelo lançado hoje pelo porta-voz do  PSD, Marco António Costa, ao PS.  

O dirigente social-democrata apelou ao PS para que espere pelo "texto  concreto" do OE para 2014 para definirem o seu sentido de voto, acusando  os socialistas de irresponsabilidade e eleitoralismo. 

As declarações de Marco António Costa surgiram depois de, em entrevista  publicada na edição de domingo do Diário de Notícias, António José Seguro  deixou implícito que o PS irá votar contra o OE. 

Hoje, em Estremoz, o líder socialista insistiu neste "chumbo" socialista  ao OE para 2014, sem necessidade de conhecer a proposta concreta do Governo.

"O primeiro-ministro já disse que vêm aí cortes superiores a quatro  mil milhões de euros e todos nós sabemos que, todos os dias, se anunciam  mais cortes", disse. 

Portanto, a posição do PS é "muito simples", frisou Seguro: "O primeiro-ministro  prepara um orçamento para depois das autárquicas com mais cortes. O PS é  contra e votará contra esse OE, que é um orçamento de cortes". 

"O orçamento com cortes nunca terá o voto do PS", pois, "mais cortes  significam mais austeridade, mais recessão, mais falência e mais desemprego.  Chega, basta desta política de cortes", sublinhou, acrescentando ainda que  "os portugueses não aguentam mais". 

E, caso o Governo não seja da mesma opinião, desafiou, "o primeiro-ministro  que venha conhecer a realidade do país, as famílias, os empresários e os  comerciantes que passam dificuldades".  


Lusa