Economia

Discutir programa cautelar ou segundo resgate "não faz sentido", diz Fernando Ulrich 

O presidente do BPI, Fernando Ulrich, considerou  hoje que discutir um programa cautelar ou um segundo resgate "não faz sentido",  pois o ideal é seguir uma solução que melhor se adeque à saída da 'troika'  em 2014.

© Rafael Marchante / Reuters

Falando no ciclo de conferências "O Direito Em Perspetiva", organizado  pela sociedade de advogados PLMJ, e que hoje se focou no "OE 2014 - Uma  Visão Aprofundada", Ulrich referiu que lhe é indiferente o que se vai fazer,  tendo destacado: "O que importa é o caminho". 

"Se a situação dos mercados mostrar que (o programa cautelar) é melhor  para Portugal porque dá uma rede de segurança ou meios financeiros com mais  segurança e tranquilidade do que estar completamente sozinho à chuva, que  se faça", advogou. 

Para Ulrich, seria "uma irresponsabilidade ter uma opinião clara" sobre  este tema, tendo rematado: "Tanto me faz se é cautelar, segundo resgate  ou outra coisa, o importante é continuarmos o nosso caminho". 

Além disso, lamentou que Portugal tenha andado "a criar emprego em áreas  erradas", daí não poder agora "chorar pelas consequências".  

O problema radica na aposta feita no setor dos bens não sujeitos à concorrência  internacional e é, por isso, que o desemprego não "iria ser alto", disse.

"Andámos a criar empregos anos e anos no setor dos bens não transacionáveis,  que agora temos de desmanchar", lamentou.  

O banqueiro considerou ainda que o crescimento das exportações "não  é novo".  

"Quando nós analisamos as contas externas portuguesas, do ano 2000 a  2013, em todos os anos as exportações cresceram exceto em 2009, ano de crise,  e portanto não é um fenómeno específico devido à 'troika'. É algo que já  vem de trás", salientou. 

O problema, no fundo radicou sempre no crescimento das importações feitas  pelo setor dos bens não transacionáveis. 

"Andámos a criar emprego nas áreas erradas. É normal que a curto prazo  haja  (agora) desemprego", disse. 

Sobre o saldo orçamental primário para 2014 (sem juros), Fernando Ulrich  esclareceu que "é fundamental" que seja positivo e sustentável por bastantes  anos, tendo dito que em 2014 se situará nos "500 milhões de euros". 

Este é "um elemento essencial" que vai ser tido em conta na saída da  'troika' do país, em junho de 2014, realçou. 

 

     

 

Lusa