Falando no ciclo de conferências "O Direito Em Perspetiva", organizado pela sociedade de advogados PLMJ, e que hoje se focou no "OE 2014 - Uma Visão Aprofundada", Ulrich referiu que lhe é indiferente o que se vai fazer, tendo destacado: "O que importa é o caminho".
"Se a situação dos mercados mostrar que (o programa cautelar) é melhor para Portugal porque dá uma rede de segurança ou meios financeiros com mais segurança e tranquilidade do que estar completamente sozinho à chuva, que se faça", advogou.
Para Ulrich, seria "uma irresponsabilidade ter uma opinião clara" sobre este tema, tendo rematado: "Tanto me faz se é cautelar, segundo resgate ou outra coisa, o importante é continuarmos o nosso caminho".
Além disso, lamentou que Portugal tenha andado "a criar emprego em áreas erradas", daí não poder agora "chorar pelas consequências".
O problema radica na aposta feita no setor dos bens não sujeitos à concorrência internacional e é, por isso, que o desemprego não "iria ser alto", disse.
"Andámos a criar empregos anos e anos no setor dos bens não transacionáveis, que agora temos de desmanchar", lamentou.
O banqueiro considerou ainda que o crescimento das exportações "não é novo".
"Quando nós analisamos as contas externas portuguesas, do ano 2000 a 2013, em todos os anos as exportações cresceram exceto em 2009, ano de crise, e portanto não é um fenómeno específico devido à 'troika'. É algo que já vem de trás", salientou.
O problema, no fundo radicou sempre no crescimento das importações feitas pelo setor dos bens não transacionáveis.
"Andámos a criar emprego nas áreas erradas. É normal que a curto prazo haja (agora) desemprego", disse.
Sobre o saldo orçamental primário para 2014 (sem juros), Fernando Ulrich esclareceu que "é fundamental" que seja positivo e sustentável por bastantes anos, tendo dito que em 2014 se situará nos "500 milhões de euros".
Este é "um elemento essencial" que vai ser tido em conta na saída da 'troika' do país, em junho de 2014, realçou.
Lusa