"Estaremos atentos para saber o que é do interesse da Irlanda fazer nessa matéria. No dia em que nós estivermos em condições de poder estar a fechar o nosso programa, nessa altura falaremos de detalhes para saber se é um programa cautelar o que é preciso, ou se é outra coisa na assistência que viermos a necessitar para termos pleno acesso a mercado", sustentou o primeiro-ministro.
João Semedo, que inaugurou o debate quinzenal de hoje, classificou a política de austeridade como um "filme de terror" e declarou que Pedro Passos Coelho "deve ser o único português que acredita que os filmes de terror têm um final feliz e cor-de-rosa".
O bloquista disse ainda que Passos Coelho não tem "legitimidade política nem democrática" para "querer impor ao país" um eventual programa cautelar, um segundo resgate ou "chame-se o que chamar".
"O senhor não tem legitimidade política nem democrática para impor um segundo programa ao país", disse Semedo dirigindo-se ao primeiro-ministro.
O BE acusou ainda o primeiro-ministro e o Governo de, através da nova reforma do IRC, criar um "fantástico perdão fiscal" a algumas grandes empresas no mesmo momento em que procura aplicar "todos os cortes possíveis nos salários, nas reformas, nas pensões".
Semedo refere-se a um artigo na nova proposta sobre o imposto que, diz, "protege a tributação de uma série de grandes empresas" com a "isenção definitiva sobre algumas empresas envolvidas em processo de fusão, cisão, compra ou venda de partes sociais e que reinvestiram esses ganhos, tinham um benefício fiscal de ver suspensa ou adiada a sua tributação até estar concluído o processo de investimento".
Na resposta, Pedro Passos Coelho lembrou que a revisão do imposto seguiu para o Parlamento e haverá debate na generalidade sobre a matéria na quinta-feira, seguindo depois a proposta para sede de comissão onde poderá ser trabalhada.
O primeiro-ministro sublinhou contudo que esta é uma "reforma que se pretende duradoura" e onde se exige o maior consenso possível.
"A reforma do IRC não é para os próximos dois anos, é para os próximos 10, 20 anos", disse.
Lusa