Economia

FENPROF promete "oposição tenaz" a propostas anunciadas  por Paulo Portas 

A Federação Nacional dos Professores (FENPROF)  prometeu na quarta-feira uma "oposição tenaz" e uma "luta tremenda" à reforma  do Estado anunciada pelo vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, por considerar  que se trata de uma "desvirtuação completa" do Estado social.  

O secretário de Estado da Educação, João Casanova (2D), e o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira (2E), durante uma reunião no ministério da Educação, em Lisboa, 24 junho 2013 / Lusa
MANUEL DE ALMEIDA

Em declarações à agência Lusa, o secretário-geral da FENPROF, Mário  Nogueira, acusou o Governo de pretender privatizar e municipalizar o ensino,  beneficiando os grupos privados. 

Entre as propostas do Governo está a agregação de municípios, o alargamento  da responsabilidade das autarquias a novos ciclos de ensino, a criação de  "escolas independentes", abrindo concursos que permitam aos professores  tornarem-se proprietários e gestores de uma escola, e a aplicação do "cheque-ensino"  de forma gradual e assente em projetos-piloto. "Aqueles grupos de professores chamam-se grupo GPS e outros que tais",  afirmou o dirigente da FENPROF, em alusão a empresas proprietárias de colégios  privados. 

Para Mário Nogueira, está em causa "um ajuste de contas" com a escola  pública de qualidade para todos e com o 25 de Abril. "É o desmantelamento do Estado social", frisou, acrescentando que o  Governo, além da oposição dos professores, tem ainda de ultrapassar "o obstáculo  da Constituição". 

"Eles podem querer ajustar contas com muita coisa, mas também vão ter  de ajustar contas connosco", advertiu, considerando o guião hoje apresentado  configura uma desresponsabilização do Estado. 

A opinião é partilhada pelo secretário-geral da Federação Nacional da  Educação (FNE), João Dias da Silva. A FNE manifestou dúvidas quanto à "eficácia e execução" das medidas  previstas no guião da reforma para a Educação, afirmando que foram enviados  "sinais preocupantes de desresponsabilização do Estado". 

Em declarações à Lusa, o secretário-geral da FNE, João Dias da Silva,  afirmou que, numa primeira impressão, as medidas previstas para o setor  da Educação são "soluções em que o Estado se demite das suas responsabilidades  de garantir a universalidade e equidade". 

O documento que contém as linhas orientadoras para a reforma do Estado  -- "Um Estado Melhor" -- foi hoje apresentado e prevê para a Educação, entre  outras medidas, alargar a responsabilidade das autarquias na gestão das  escolas a outros ciclos de ensino para além do ensino básico, promover "escolas  independentes", geridas por professores, que deterão também a propriedade  dos estabelecimentos. 

Um projeto-piloto para implementar o 'cheque-ensino', alargar a contratualização  com as escolas particulares baseando os contratos em critérios de superação  do insucesso escolar e aposta no ensino dual e profissionalizante são outras  medidas enunciadas pelo Governo na área da educação. 

 

       

Lusa