Economia

Trabalhadores dos estaleiros de Viana conhecem hoje propostas de rescisão

Os 609 funcionários dos estaleiros de Viana começam hoje a conhecer as propostas para rescisão de contrato por mútuo acordo, que vão custar 30,1 milhões de euros mas que são recusadas pela comissão de trabalhadores.

MIGUEL A. LOPES

Neste processo, a indemnização individual mais baixa, já calculada pela  administração dos Estaleiros Nacional de Viana do Castelo (ENVC), ronda  os seis mil euros, enquanto a mais alta atingirá os 200 mil euros, indicou  à Lusa fonte da administração. 

A mesma fonte explicou que os funcionários vão começar a ser chamados  para conhecer as respetivas propostas para rescisão dos contratos durante  o dia de hoje, informação que já tinha sido comunicada oficialmente à comissão  de trabalhadores na quinta-feira. 

Depois de receberem as indemnizações devidas e após o subsídio de desemprego,  que também está previsto nestes acordos, 230 trabalhadores estarão em condições  de aceder à reforma, indicou a fonte. 

Os estaleiros propõem-se a pagar, a cada trabalhador, um mês de salário  por ano de atividade, parcela que representará 19,8 milhões de euros, e  mais 2,1 milhões de euros em "proporcionais" aos subsídios de férias e de  Natal. 

Está ainda previsto o pagamento de 8,1 milhões de euros para compensar  os descontos para o fundo de pensões da empresa, para o qual descontaram.

A comissão de trabalhadores, que agendou para hoje um plenário urgente,  está a apelar para que qualquer proposta seja recusada, não dando o anúncio  de encerramento dos ENVC como definitivo. 

Segundo o porta-voz dos trabalhadores, António Costa, o objetivo é "não  facilitar" o processo, face ao objetivo de a subconcessão dos terrenos,  infraestruturas e equipamentos ao grupo Martifer arrancar em janeiro.  

Neste processo, caso falhe o plano amigável de cessação dos contratos,  restará o despedimento coletivo, que, segundo os sindicatos, ainda leva  75 dias a efetivar-se. 

"Queremos trabalho, não queremos indemnizações. O senhor ministro  1/8da  Defesa 3/8 que pegue nas soluções que existem e coloque esta empresa a trabalhar",  pediu o porta-voz da comissão de trabalhadores. 

Para António Costa, a situação atual da empresa, parada há praticamente  dois anos, é "premeditada", tendo em conta o contrato para a construção  dos dois navios asfalteiros para a Venezuela, por 128 milhões de euros,  que ainda não avançou. 

A subconcessão à Martifer prolonga-se até 2031 e envolve o pagamento  de uma renda anual de 415 mil euros, conforme concurso público internacional  que terminou em setembro. 

Em paralelo, este processo prevê o encerramento, até janeiro, dos ENVC  e o despedimento dos atuais trabalhadores.  

Destes, cerca de 400 deverão ser recrutados pela West Sea, a nova empresa  a criar pela Martifer para o efeito.