Economia

Viana lança "grito nacional" em defesa dos estaleiros este sábado

Políticos, músicos, desportistas e  antigos trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) são esperados este sábado, naquela cidade, para um "grito nacional" em defesa  da empresa, ação organizada pela autarquia. 

(Lusa/ Arquivo)
MIGUEL A. LOPES

A iniciativa, denominada "A construção naval não pode morrer" está agendada  para as 16:00 de sábado, prolongando-se durante a tarde e envolvendo a atuação  de mais de trinta associações locais de índole social, cultural e desportivo.

Além disso, de acordo com fonte da Câmara de Viana do Castelo, estão  previstas intervenções de "individualidades de vários quadrantes", nomeadamente  do ex-presidente da República, Mário Soares, das eurodeputadas Marisa Matias  e Ana Gomes, dos atletas e campeões Manuela Machado e Rui Sousa ou ainda  do músico Pedro Abrunhosa. 

"Vamos fazer de Viana do Castelo o centro do país na defesa de uma empresa  que representa a nossa identidade. Vamos lançar um grito nacional, a partir  da Praça da República, para que o processo de subconcessão dos estaleiros  navais seja suspenso e não se perca o conhecimento que existe", explicou  esta semana o autarca local, José Maria Costa. 

A iniciativa envolverá manifestações culturais, intervenções "políticas  e sentimentais", além de poesia e música, servindo para demonstrar a "relação  histórica, cultural e económica" que o país e a região sempre mantiveram  com o mar. 

Em causa está o anunciado encerramento dos ENVC e o despedimento dos  atuais 609 trabalhadores, decidido pelo ministério da Defesa Nacional, que  lançou em paralelo um concurso para a subconcessão dos terrenos e infraestruturas  da empresa, entretanto entregue ao grupo Martifer. 

"Montar um estaleiro é uma coisa que demora muitos anos. Este centro  de competências (ENVC) não se pode perder", sublinhou o autarca socialista,  aquando da apresentação desta ação, que antecede a manifestação dos trabalhadores,  agendada para 13 de dezembro, às 16:00. 

A Câmara de Viana do Castelo aprovou na quinta-feira - com os votos  favoráveis do PS, PSD e CDU - uma moção de "repúdio" ao encerramento dos  estaleiros, solicitando ainda uma reunião urgente com o primeiro-ministro  e a suspensão deste processo.  

"Estamos todos unidos nesta causa nacional. O país não pode permitir  que esta empresa sucumba e esperamos em Viana do Castelo por todos os que  acreditam que vale a pena lutar por uma empresa estratégica e por este setor",  afirma José Maria Costa. 

No âmbito da subconcessão, a nova empresa West Sea deverá recrutar 400  dos atuais 609 trabalhadores, que estão a ser convidados a aderir a um plano  de rescisões amigáveis que vai custar 30,1 milhões de euros, suportado com  recursos públicos. 

Esta foi a solução definida pelo Governo português para evitar a devolução  de 181 milhões de euros de ajudas públicas não declaradas à Comissão Europeia,  atribuídas desde 2006, no âmbito de uma investigação lançada por Bruxelas.

 

 

Lusa