Economia

TdC recomenda maior transparência ao Governo quanto ao programa de resgate

O Tribunal de Contas recomendou ao Governo  que seja mais transparente na publicitação das estimativas e resultados  do programa de ajustamento e pediu, numa auditoria divulgada quinta-feira  à noite, que sejam instituídas medidas mais rigorosas e fiáveis. 

(Lusa/ Arquivo)
MANUEL ALMEIDA

No relatório de acompanhamento dos mecanismos de assistência financeira  a Portugal, disponibilizado na quinta-feira à noite, o Tribunal de Contas  (TdC) recomenda que passem a ser publicitados os relatórios trimestrais  relativos às medidas impostas pelo programa da troika, para "permitir  uma avaliação contínua". 

A entidade pede ainda que sejam divulgados os dados da consolidação  orçamental - com os respetivos resultados e estimativas - e as reestruturações  setoriais em áreas como a Saúde, os tribunais, as Forças Armadas e de Segurança,  a Educação e os serviços externos do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

O tribunal liderado por Guilherme d'Oliveira Martins defende que a ministra  das Finanças deve passar a fundamentar as reestruturações da administração  pública em "planos estratégicos que contem o diagnóstico inicial, os objetivos  definidos", além da distribuição das atribuições pelas entidades e os recursos  humanos necessários. 

O TdC pede ainda a Maria Luís Albuquerque que promova diligências para  que a informação sobre a execução orçamental e o emprego público seja "completa  e tempestiva" e quer que o secretário-adjunto do primeiro-ministro, Carlos  Moedas, elabore e divulgue um relatório final de execução do Programa de  Assistência Económica e Financeira "logo que este se mostre concluído".

Segundo o TdC, a redução das estruturas e dos cargos dirigentes do Estado  prevista no Plano de Redução e Melhoria da Administração Central do Estado  (PREMAC) ficou aquém dos objetivos e terá impactos reduzidos.  

Ao contrário dos cortes de 40% estimados nas estruturas do Estado pelo  PREMAC, criado em 2011, registou-se uma redução de 19%. Já nos cargos dirigentes,  a diminuição foi de 14%, ao contrário dos 27% previstos.  

O documento aponta que "até ao final de setembro de 2013, apenas 48  das 101 entidades que apresentaram os seus mapas de postos de trabalho,  tinham os seus processos finalizados, contemplando a criação de mais 351  postos de trabalho". 

A auditoria inclui já uma resposta do Governo, na qual são contestadas  algumas das conclusões do tribunal e é sublinhado que o cumprimento do programa  é "uma obrigação solene do Estado". 

Segundo uma nota enviada ao TdC pelo gabinete de Carlos Moedas, "o cumprimento  dos compromissos internacionais tem permitido o continuado acesso ao envelope  financeiro acordado (e) a recuperação da credibilidade externa" 

O secretário de Estado-adjunto contesta ainda a utilização da Estrutura  de Acompanhamento dos Memorandos, criada para assegurar o acompanhamento  do programa, como principal interlocutor do tribunal e justifica a não divulgação  de dados relativos a 2013 pelo facto de o Tribunal de Contas ter referido  "que o seu relatório incidiria sobre o ano 2012". 

 

Lusa