Economia

Técnicos da troika voltam hoje a Lisboa para 11ª avaliação

A troika regressa hoje a Lisboa para a 11. avaliação regular ao resgate português, a penúltima do atual programa, e em cima da mesa de negociações vão estar, entre outras, medidas permanentes de reforma das pensões.

Nos dados que serão divulgados deve-se ficar a conhecer também se Portugal cumpriu o défice orçamental de 5,5% acordado com a troika (Arquivo SIC)

O Governo e a 'troika' - composta pelo Fundo Monetário Internacional  (FMI), pela Comissão Europeia e pelo Banco Central Europeu (BCE) - vão discutir  a reforma estrutural das pensões durante a 11. avaliação ao programa de  resgate português. 

Na Carta de Intenção assinada pelo vice-primeiro-ministro, Paulo Portas,  pela ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, e pelo governador do  Banco de Portugal, Carlos Costa - que foi divulgada na quarta-feira pelo  FMI juntamente com o relatório à décima avaliação do resgate português -  o Governo diz que "está a desenvolver novas medidas abrangentes como parte  da reforma estrutural das pensões em curso". 

A necessidade de identificar medidas estruturais sobre as pensões surgiu  depois do 'chumbo' do Tribunal Constitucional ao chamado regime de convergência  de pensões, que previa um corte de 10% sobre as pensões. 

Para compensar o buraco de 388 milhões que este 'chumbo' abriu, o Governo  aumentou a ADSE, de 2,5% para 3,5%, e alargou a base de incidência da Contribuição  Extraordinária de Solidariedade, que passou a aplicar-se às pensões a partir  dos 1.000 euros (e não a partir dos 1.350 milhões). 

Além das reformas nas pensões, em cima da mesa de negociações vai estar  também a limitação de futuros aumentos do preço da eletricidade para o consumidor  final, segundo o mesmo documento do FMI, que detalhou a agenda de novas  prioridades de reforma.  

No relatório, o Fundo refere que o Governo e os credores internacionais  vão discutir mais medidas para "limitar futuros aumentos do preço da eletricidade  para o consumidor final, incluindo as rendas excessivas no setor". 

Outra dessas prioridades, que será discutida já a partir de quinta-feira,  passa por identificar opções de política para "encorajar a flexibilidade  salarial e reduzir os incentivos para contestar os despedimentos individuais  em tribunal". 

O fim do Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF) tem data  marcada, mas a forma de saída continua a estar fora das discussões, segundo  tem vindo a dizer o Governo e os próprios credores internacionais, que remetem  a decisão para abril. 

Esta penúltima missão regular da 'troika' surge um dia depois de terem  sido conhecidos os documentos do FMI à avaliação anterior ao resgate de  Portugal, que fica marcado pela divergência de discursos: se, por um lado,  o Governo parece ter uma visão "mais positiva" da economia, por outro, o  Fundo alerta que há riscos ao cumprimento do programa e que é preciso continuar  os esforços de consolidação orçamental.