Economia

Governador do BdP recusa pronunciar-se sobre viabilidade do grupo Espírito Santo 

O governador do Banco de Portugal recusou hoje  pronunciar-se sobre a viabilidade do grupo Espírito Santo, dizendo apenas  que todas as entidades supervisionadas respeitam os rácios de capital exigidos.

governador do Banco de Portugal, Carlos Costa (Reuters/Arquivo)
© Jose Manuel Ribeiro / Reuters

Carlos Costa, que está esta tarde a ser ouvido na Comissão parlamentar  do Orçamento, Finanças e Administração Pública, foi questionado pelos deputados  do PS, João Galamba, e do PCP, Paulo Sá, sobre a viabilidade do grupo Espírito  Santo, mas recusou pronunciar-se sobre a matéria. 

Carlos Costa garantiu apenas que o Banco de Portugal "acompanha as instituições  que estão sob a sua responsabilidade e que todas as entidades supervisionadas  respeitam os rácios de capital exigidos".   

João Galamba questionou o governador sobre um "conjunto de irregularidades  ligadas" ao BES e aos seus administradores e questionou o que vai ser feito  relativamente à situação deste banco. 

Já Paulo Sá, por seu turno, interrogou Carlos Costa sobre se "há ou  não riscos e impactos orçamentais da situação do BES,  (riscos de serem os  contribuintes) a pagar desmames de um banco privado". 

Apesar da insistência dos deputados dos dois grupos parlamentares, Carlos  Costa frisou: "sobre instituições financeiras não me pronunciarei porque  estou vinculado ao dever de segredo". 

O Banco Espírito Santo (BES) arrancou na terça-feira com um aumento  de capital de até 1.045 milhões de euros, uma operação que já levou a conhecerem-se  vários problemas no grupo e poderá significar alterações significativas  na estrutura acionista. 

Quando deu a conhecer a operação, o banco liderado por Ricardo Salgado  disse que esta permitirá ao BES "reforçar a sua base de capital, por forma  a potenciar a sua vantagem competitiva na recuperação da economia portuguesa  e o crescimento nos mercados internacionais onde está presente" e ainda  "criar reservas adicionais de capital", neste caso para fazer face à nova  regulação do setor bancário (CRD IV) e aos testes de 'stress' do Banco Central  Europeu (BCE). 

No entanto, as implicações deste aumento de capital são ainda maiores.

O prospeto que deu a conhecer os pormenores da operação, divulgado ao  mercado a semana passada, confirmou a existência de irregularidades graves  nas contas da 'holding' Espírito Santo Internacional e foi o mote para conhecer  os problemas do grupo Espirito Santo e as mudanças que está a atravessar.

Com a garantia de que o banco não seria contaminado, o presidente do  BES, Ricardo Salgado, deu no dia seguinte uma entrevista ao Jornal de Negócios  em que fez um 'mea culpa' pelo que está a acontecer no grupo. 

Além disso, este aumento de capital poderá levar à entrada de novos  investidores no banco ao mesmo tempo que a família Espírito Santo e o francês  Crédit Agricole deverão diminuir as suas posições. 

Lusa