Economia

Créditos fiscais da banca discutidos hoje no Parlamento 

O regime que transforma os impostos diferidos em créditos fiscais e que permite evitar um 'rombo' nos rácios de capital dos bancos, quando passam pelos testes de 'stress' do BCE, será discutido hoje no Parlamento.  

(Arquivo Lusa)
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Segundo a proposta de lei aprovada pelo Governo, que vai hoje de manhã  a debate em plenário, são transformados em créditos fiscais (a serem usados  quando os bancos tiverem lucros) os ativos por impostos diferidos que tenham  sido originados quer por imparidades de créditos quer por benefícios atribuídos  aos empregados. 

Quando o crédito fiscal for usado, os bancos têm de constituir uma reserva  especial destinada a ser incorporada no capital social e, ao mesmo tempo,  a atribuir ao Estado direitos de conversão em ações. 

O parecer do Banco de Portugal sobre este assunto considerou que a obrigação  de os bancos darem esta compensação levará a que adiram ao regime os que  "apresentem uma necessidade material e imediata de reforço de fundos próprios  e, simultaneamente, que apresentem uma maior dificuldade em aceder aos mercados  de capitais para suprir essa mesma necessidade". Ou seja, refere o supervisor,  fá-lo-ão "as instituições em piores condições financeiras, e, consequentemente,  com necessidades mais urgentes de atração de novos acionistas, que serão  mais penalizados". 

Em caso do exercício dos direitos de conversão há lugar a aumento do  capital social, com a emissão de novas ações, o que levará o Estado a poder  tornar-se acionista dos bancos por esta via. 

As instituições poderão ainda usar o crédito fiscal "na compensação  com dívidas" que tenham perante o Estado. 

A questão dos impostos diferidos dos bancos está em cima da mesa desde  que entraram em vigor as novas regras de contabilidade de Basileia III,  a 01 de janeiro, que obrigam as instituições a deduzir aos fundos próprios  os ativos por impostos diferidos que foram acumulando, apenas podendo contabilizar  como capital aqueles em que haja a garantia quase total da sua utilização.

Desde então, os banqueiros vinham a exigir alterações à lei, semelhantes  às feitas em Espanha, para evitar um 'rombo' no capital dos bancos, no momento  em que CGD, BES, BPI e BCP se preparam para os testes de 'stress' do Banco  Central Europeu (BCE).  

Os bancos realizam um conjunto de operações cujo valor a partir de determinado  momento, embora seja aceite contabilisticamente, não é aceite para efeitos  do fisco. É o valor que vai acima do montante aceite pelo fisco que gera  o imposto diferido ativo e que fica no balanço do banco para que reduza  posteriormente nos impostos a pagar. 

O Bloco de Esquerda questionou entretanto o Ministério das Finanças  sobre o impacto nas contas públicas do regime dos créditos fiscais dos bancos,  estimando que "só os principais bancos poderão converter cerca de 1,5 mil  milhões de euros de impostos diferidos em créditos fiscais o que, no limite,  pode levar o Estado a assumir esses 1,5 mil milhões de euros nas suas contas".

Lusa