Economia

Reforma da Fiscalidade Verde entra em consulta pública

A Comissão para a Reforma da Fiscalidade Verde recomenda ao Governo que devolva aos contribuintes, através da redução de impostos, os cerca de 180 milhões de euros que o Estado deverá arrecadar anualmente com as medidas que propõe.

Niranjan Shrestha

Esta comissão, criada em janeiro, entregou na quarta-feira ao Governo  um anteprojeto de lei para a Reforma da Fiscalidade Verde que corporiza  um conjunto de 40 propostas de alteração do sistema fiscal atualmente em  vigor, para "promover a competitividade económica, a sustentabilidade ambiental  e a eficiente utilização dos recursos".  

O presidente da comissão, Jorge Vasconcelos, indicou que esta reforma  permite arrecadar uma receita de cerca de 180 milhões de euros (80 milhões  apenas da tributação do carbono), mas também prevê despender cerca de 20  milhões anualmente em alguns benefícios, como a possível dedução dos passes  de transportes públicos no IRS.  

João Vasconcelos sublinhou que o mandato da comissão prevê um "contexto  de neutralidade do sistema fiscal", recomendando por isso que o Governo  opte por baixar encargos - nomeadamente o IRS e a TSU - e por conceder  crédito fiscal ao investimento privado na mesma medida. 

No anteprojeto de reforma a que a agência Lusa teve acesso, a comissão  defende que a neutralidade fiscal (ou seja, uma "reciclagem" da receita  proveniente das alterações ao sistema fiscal, através da redução de outros  tributos ou fornecendo crédito fiscal ao investimento privado) "permite  atingir simultaneamente, não apenas a desejada redução de emissões de gases  de efeito de estufa, mas também melhorias ao nível do emprego, de crescimento  do PIB e da diminuição da dívida pública".  

Por outro lado, a comissão adverte que "a tributação do carbono num  cenário sem neutralidade fiscal reduz as emissões, mas afeta negativamente  a economia" - já que esta alteração é a quem tem maior impacto para os consumidores  finais.  

No anteprojeto, os técnicos simulam várias "estratégias de reciclagem"  dos cerca de 80 milhões de euros alcançados pela tributação do carbono,  a medida com maior previsão de receita fiscal, passando pela atribuição  de 50% do total desta receita para crédito fiscal, 25% na redução da TSU  e 25% na redução do IRS.  

Num cenário que prevê o custo mais reduzido por tonelada de dióxido  de carbono, a comissão estima uma redução das emissões de dióxido de carbono  em 3,95%, um aumento do emprego de 0,06%, um crescimento do PIB em 0,03%  e uma melhoria de 0,11% na dívida pública em 2030. 

O anteprojeto de reforma está a partir de hoje e até 15 de setembro  em discussão pública, depois desse período será analisado pelo Governo