Economia

Situação criada com renúncia de Vitor Bento "cheira a instabilidade", diz Alberto João Jardim

O presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, disse hoje que a situação criada com a renúncia da equipa de gestão de Vítor Bento do Novo Banco "cheira" a "instabilidade" e "caiu muito mal no mundo financeiro internacional".

2007 - O líder do PSD Madeira, Alberto João Jardim, conquista a nona vitória consecutiva em eleições legislativas regionais.
Joana Sousa

Manifestando-se como "um não expert na matéria" e baseando-se no que  lera na comunicação social, Alberto João Jardim comentou, à chegada à Madeira  vindo de Itália onde participou em reuniões do Comité das Regiões, que "o  que a comunicação social portuguesa hoje  1/8domingo 3/8 dizia era que não estão  em causa os depósitos, nem o banco". 

"Foi escolhida uma meta de venda rápida do Banco para realizar o capital  que teve de ser investido para safar o Banco e a administração que saiu  tinha outra estratégia que era ir, calmamente, fazer o Banco recuperar e,  então, a médio ou longo prazo, ponha o Banco a ser cotado na Bolsa", afirmou.

Alberto João Jardim considerou serem "duas estratégias diferentes. Agora,  não se pode é andar nisto". 

"Mas, tudo isto, cheira-me a uma completa instabilidade no sentido que  envolve o Banco de Portugal e o Governo e as coisas não podem ser assim  porque quem está de fora, os meios financeiros internacionais, olha para  isto e começa a pensar que isto, em Portugal, vai um completo desatino e  transtorno". 

"Isto caiu muito mal no mundo financeiro internacional, agora vamos  ver se isto acerta de vez". 

A equipa de gestão do Novo Banco liderada por Vítor Bento confirmou  domingo, em comunicado, que durante a semana apresentou ao Fundo de Resolução  e ao Banco de Portugal a intenção de renunciar aos cargos desempenhados  na administração da entidade. 

"Em face da especulação mediática sobre o assunto, confirmamos que durante  esta semana comunicámos ao Fundo de Resolução e ao Banco de Portugal a intenção  de renunciar aos cargos desempenhados na administração do Novo Banco, dando  tempo para que pudesse ser preparada uma substituição tranquila", lê-se  no documento assinado pelos três administradores demissionários. 

"Gostaríamos de salientar que não saímos em conflito com ninguém, mas  apenas porque as circunstâncias alteraram profundamente a natureza do desafio  com base no qual aceitáramos esta missão em meados de julho", sublinham  os responsáveis. 

No dia 03 de agosto, o BdP tomou o controlo do Banco Espírito Santo  (BES), depois de o banco ter apresentado prejuízos semestrais de 3,6 mil  milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades  distintas.  

No chamado banco mau ('bad bank'), um veículo que mantém o nome BES  mas que está em liquidação, ficaram concentrados os ativos e passivos tóxicos  do BES, assim como os acionistas. 

No 'banco bom', o banco de transição que foi chamado de Novo Banco,  ficaram os ativos e passivos considerados não problemáticos. 

O Banco de Portugal confirmou domingo em comunicado que Eduardo Stock  da Cunha foi o escolhido para suceder a Vítor Bento na liderança do Novo  Banco, depois de o último ter pedido para deixar o cargo na semana passada.

"O Fundo de Resolução e o Banco de Portugal convidaram para assumir  a presidência do Conselho de Administração do Novo Banco o dr. Eduardo Stock  da Cunha, que está mandatado para formar e liderar uma experiente equipa  motivada para o projeto de desenvolvimento e criação de valor para o banco",  lê-se no documento hoje divulgado pelo supervisor. 

A nova equipa de gestão do banco de transição que resultou da cisão  do Banco Espírito Santo (BES) inclui ainda Jorge Freire Cardoso (administrador  financeiro), Vítor Fernandes e José João Guilherme.