Economia

Partidos unidos na necessidade de comissão parlamentar de inquérito ao BES

Todos os partidos com assento parlamentar mostraram-se  hoje favoráveis à criação de uma comissão de inquérito ao caso BES, proposta  do PCP que será votada e aprovada no final da manhã. 

O Banco de Portugal tomou este domingo o controlo do BES e anunciou a sua separação num 'banco bom', denominado Novo Banco, e num 'banco mau' ('bad bank'), na prática um veículo que fica com os ativos tóxicos do BES e cuja gestão foi nomeada pelo supervisor e regulador bancário.
EPA
"Propomos esta comissão de inquérito com o objetivo de obter todos os  esclarecimentos sobre esta situação que envolve o BES e o GES, sem limitações  ou obstáculos, mas também com a intenção de retirar desses esclarecimentos  as devidas consequências", disse o líder parlamentar do PCP, João Oliveira,  na apresentação da proposta de inquérito parlamentar.  
 
O PCP, prosseguiu o seu chefe de bancada, intervirá neste inquérito  "com o objetivo de fazer com que dele resultem também as medidas que garantam  que a banca e todo o setor financeiro são colocados ao serviço do povo e  do país".  
  
    A proposta comunista foi debatida durante cerca de meia hora no arranque  dos trabalhos de hoje no parlamento, e será votada - e aprovada - no final  da manhã, já que todos os partidos se mostraram favoráveis durante o debate  à criação do inquérito.  
  
À direita, Duarte Pacheco, do PSD, sublinhou que o partido "não tem  qualquer reserva" à formação da comissão de inquérito, advertindo que esta  "deve merecer o trabalho árduo e profícuo de todos os deputados".  
  
"Esperemos que as autoridades judiciais façam o seu papel, que tenham  a coragem de ir até ao fim em tempo útil", disse também o parlamentar.  
  
Já Cecília Meireles, do CDS-PP, diz que apurar todos os factos em torno  do BES é "fundamental" e os centristas terão uma postura de "responsabilidade"  e "determinação" durante os trabalhos".  
  
 "É uma comissão de inquérito que é feita porque há perguntas que não  podem, não devem, e não vão ficar sem resposta", declarou.  
  
O PS, pelo deputado António Braga, advertiu que os trabalhos não podem  ser dissociados de uma avaliação sobre o programa de ajustamento, e enalteceu  o caráter amplo que a comissão de inquérito poderá atingir.  
  
" A comissão permitirá apurar respostas a todo um conjunto de questões  colocadas no projeto do PCP mas também num âmbito mais alargado que certamente  atingirá", sustentou o socialista.  
  
Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda (BE), lembrou a ligação do BES  com os diferentes governos de Portugal para dizer que "nenhuma responsabilidade  deve ficar impune" e se deve "ter a coragem de ir até ao fim" na procura  de respostas, enquanto José Luís Ferreira, do partido ecologista "Os Verdes",  disse que há "muito por esclarecer" num processo que "conta com a utilização  de 4,9 mil milhões de euros de dinheiros públicos e, portanto, dos contribuintes". 
  
No dia 03 de agosto, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, depois  de o banco ter apresentado prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros,  e anunciou a separação da instituição em duas entidades distintas.  
  
No chamado banco mau ('bad bank'), um veículo que mantém o nome BES  mas que está em liquidação, ficaram concentrados os ativos e passivos tóxicos  do BES, assim como os acionistas.  
  
No 'banco bom', o banco de transição que foi chamado de Novo Banco,  ficaram os ativos e passivos considerados não problemáticos.  
 
Lusa