A previsão oficial do executivo para este ano colocava a inflação no intervalo entre 7% e 9%, mas, a 12 meses, essa taxa já tinha sido ultrapassada de maio para junho, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística de Angola, devido à crise económica, financeira e cambial que resultou da quebra da cotação do petróleo no mercado interno.
No relatório de fundamentação do OGE para 2016, refere-se que "as perspetivas de fecho do ano de 2015 são de uma inflação de dois dígitos, em torno de 13,8% [variação entre janeiro e dezembro]", ou seja, quase o dobro do estimado inicialmente.
"A taxa de inflação retoma a dois dígitos em julho 2015, desfavorecida pela atual conjuntura. A taxa de câmbio e a quebra da confiança dos agentes económicos estiveram na base do recuo da inflação", reconhece o Governo.
Em sede da programação macroeconómica do executivo, revista no mês de setembro, segundo o mesmo documento de programação orçamental, "estão previstas um conjunto de medidas de atenuação de pressões inflacionais" e de "preservação da solvabilidade externa da economia a níveis internacionalmente recomendáveis".
As medidas envolvem ainda o controlo do rácio da dívida em percentagem do Produto Interno Bruto (PIB), sublinha o Governo.
No OGE para 2016, com apreciação e votação na generalidade na Assembleia Nacional agendada para 17 de novembro, o Governo angolano prevê uma taxa de inflação de 11%.
Em entrevista à Lusa em setembro, o secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores Angolanos - Confederação Sindical (UNTA-CS), Manuel Viage, admitiu que o segundo semestre de 2015 está a ser ainda mais difícil para os trabalhadores, a começar pela redução do poder de compra, devido à inflação galopante no país.
"Estamos a falar de um ano muito complicado", reconheceu o responsável pela confederação sindical angolana.
O sindicalista recordou na altura que além do aumento dos preços, relacionado com a crise do petróleo, que reduziu a entrada de receitas e divisas no país, os mais de 380 mil funcionários públicos não contaram com qualquer aumento salarial este ano por decisão do Governo, precisamente devido à necessidade de corte nas despesas públicas.
No cenário atual, apesar da inflação galopante, Manuel Viage descartou a possibilidade de aumentos no setor público a curto prazo, mesmo apesar da constante redução do poder de compra.
Orçado em 6,429 biliões de kwanzas (43,7 mil milhões de euros), o OGE para o próximo ano prevê um défice de 5,5% e um crescimento PIB de 3,3%, face a 2015.
A estimativa do Governo para este ano aponta para um défice de 4,2% do PIB nas contas públicas e o crescimento era de 6,6%.
Lusa