De acordo com o jornal Público, a consultora KPMG deixa um forte alerta aos mutualistas para um quadro crítico de aparente falência técnica, com necessidade de recapitalização. A auditora diz ainda que a Associação tem capitais próprios negativos, por causa do banco montepio e da seguradora do grupo que contaminaram as contas da mutualista.
Números das contas consolidadas de 2015 que foram distribuídos na semana passada aos membros do conselho-geral da associação que reúne hoje.
A convocatória, a que a Lusa teve acesso, tem 5 pontos na ordem de trabalhos, entre os quais a apreciação das contas individuais (relatório do Conselho de Administração e parecer do Conselho Fiscal) da associação mutualista relativas ao exercício de 2016 e a apreciação das contas consolidadas de 2015.
Quanto às contas individuais, apresentadas em março de 2016, a associação mutualista apresentou prejuízos de 393,1 milhões de euros.
Apesar do resultado operacional ter sido positivo em 36,4 milhões de euros (abaixo dos 64,7 milhões de 2014), a associação teve de constituir imparidades para fazer face a eventuais perdas com a Caixa Económica Montepio Geral (350 milhões) e o Montepio Seguros (63,2 milhões), suas participadas, o que levou a prejuízos de 393 milhões de euros.
As contas consolidadas permitem perceber melhor a realidade do grupo Montepio, uma vez que integra os resultados apenas da associação mutualista, mas também das suas dezenas de empresas participadas.
A principal empresa participada do grupo é a Caixa Económica Montepio Geral, que desenvolve o negócio bancário e que teve prejuízos de 243,4 milhões de euros em 2015, acima dos cerca de 187 milhões de euros 2014.
Ainda não foram divulgados os resultados de 2016. Para já, é conhecido que até setembro passado teve um prejuízo de 67,5 milhões de euros, tendo o banco mutualista justificado este resultado com os "impactos específicos ocorridos no primeiro semestre relacionados com os custos com o processo de redimensionamento da estrutura operativa, com as contribuições sobre o setor bancário para o Fundo Único de Resolução e para o Fundo de Resolução Nacional e com perdas em investimentos financeiros".
Já apenas no 3º trimestre, a instituição apresentou um lucro de 144 mil euros. Este fim de semana, o Expresso noticiou um relatório do Banco de Portugal relativo à CEMG em 2016, no qual os técnicos concluem que a entidade apresenta "um perfil de risco de nível elevado", que as exposições estratégicas "não garantem uma gestão sólida" e fala ainda numa "consistente degradação da qualidade da carteira dos clientes".
O semanário refere ainda que para os lucros de 144 mil euros apresentados no terceiro trimestre "terá pesado, de forma indiscutível, a venda de uma participação de 19% na empresa mineira Almina, por 93 milhões de euros e com uma mais-valia de 24 milhões".
A compra foi feita por um "veículo financeiro, designado Vogais Dinâmicas, com sede em Oliveira dos Frades, e constituído no dia 29 de setembro de 2016". Contudo, a operação foi posteriormente anulada.
Em reação à notícia do Expresso, a CEMG afirmou que "adota as melhores práticas" exigidas pelos reguladores e supervisores e que tem executado todas as recomendações para melhorar os seus procedimentos.
A Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) é liderada por Félix Morgado, que substituiu Tomás Correia em agosto de 2015, ficando este apenas como presidente da Associação Mutualista Montepio Geral.
Com Lusa