No debate quinzenal com António Costa, Pedro Passos Coelho retomou uma crítica que tem vindo a fazer às contas do Governo, dizendo que 0,9% da quebra do défice se deveu aos cortes no investimento público registados no ano passado em relação ao verificado em 2015.
"Uma das principais variáveis de ajustamento orçamental foi não o que tinha dito no Orçamento do Estado mas o corte no investimento público. E aqui a contradição da sua parte é total", acusou o líder do PSD.
Na resposta, António Costa disse que "não é verdadeira a tese de que o corte no investimento foi a forma de cumprir o défice" e justificou a quebra no investimento em 2016 com "um problema grave de transição de quadros comunitários".
"O investimento é financiado pelos fundos comunitários e ausência de despesa significa sobretudo ausência de receita. Mais, como a receita é paga à cabeça e a despesa é distribuída no tempo, se tivéssemos tido mais investimento, teríamos tido mais receita e não teríamos tido mais despesa. Teríamos tido melhor défice e não pior défice", assegurou o primeiro-ministro.
António Costa aproveitou para saudar o líder do PSD por se "ter rendido aos benefícios" do investimento público e salientou que este vai aumentar 21% este ano.Quanto ao valor do défice, que ficou nos 2% no ano passado, o primeiro-ministro acusou Passos Coelho e a ex-ministra das Finanças de se terem enganado ao considerá-lo aritmeticamente impossível.
"Se há contradição é entre os resultados que alcançámos e o que vossa excelência previu que íamos alcançar", afirmou.
Na sua intervenção, Passos Coelho aproveitou para criticar também o líder do PCP, Jerónimo de Sousa, que hoje abriu o debate quinzenal acusando o Governo de contradição entre as políticas de cumprimento das metas da UE e a necessidade de crescimento, tendo Costa respondido que apenas havia tensão.
"Deixe-me arbitrar essa questão dizendo que há contradição, desde logo pelo deputado Jerónimo de Sousa, que na oposição achava isso absolutamente insustentável e agora no Governo pensa de outra maneira, revela mais alguma simpatia, sensatez", criticou Passos Coelho.
Lusa