No relatório com as previsões económicas mundiais divulgado hoje ('Economic Outlook'), a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) indica que a progressão do Produto Interno Bruto (PIB) no mundo será de 3,8% este ano, ou seja, mais uma décima do que na anterior análise, há seis meses.
A revisão em alta ainda é maior para 2019, de três décimas, para 3,9%, um ritmo que se explica em primeiro lugar pelo impulso do investimento e do comércio mundial.
As baixíssimas taxas de juro mantidas pelos principais bancos centrais e os estímulos económicos têm sido os grandes apoios, mas o regresso à normalidade em termos de política monetária exige que a relevância passe a ser dada às melhorias da produtividade, refere a organização.
Para que a relevância passe a ser dada às melhorias da produtividade, segundo o economista-chefe da OCDE, Álvaro Santos Pereira, ex-ministro da Economia do anterior governo PSD/CDS-PP, tem de se retomar o ritmo das reformas estruturais, que foram apagadas nos últimos anos.
Pelo lado dos riscos, Santos Pereira adverte para as tensões comerciais, recomendando a receita de "continuar o diálogo" para evitar uma guerra comercial que é "algo que ninguém quer experimentar".
O "clube dos países desenvolvidos" -- que se nega a responsabilizar os Estados Unidos pelas tensões -- contabilizou 1.200 restrições ao comércio desde 2007 de diferentes membros do G20.
Em vez de avaliar possíveis impactos funestos, a OCDE prefere sublinhar que se não fossem impostas novas taxas aduaneiras o comércio mundial aumentaria 3%.
Outras ameaças que pairam sobre o cenário macroeconómico são a subida do preço do petróleo (mais de 50% em 12 meses) e a volatilidade financeira resultante do aumento das taxas de juro nos Estados Unidos, que inviabilizaram a recuperação da Argentina.
Os autores do estudo subiram os números para a quase totalidade dos grandes países, com a exceção de Itália, em plena crise política e com novas eleições no horizonte a curto prazo, que vê as expectativas -- que já eram relativamente medíocres -- revistas em baixa.
Os Estados Unidos são um dos exemplos de melhoria das perspetivas, com um crescimento do PIB de 2,9% em 2018 (mais quatro décimas do que o anunciado há seis meses) e de 2,8 em 2019 (mais sete décimas).
A maior economia do mundo vive a expansão mais prolongada em décadas, mas com taxas de crescimento relativamente baixas, deixando margem para que a dinâmica continue.
Na zona euro, a correção em alta é menos pronunciada, de uma décima este ano, para 2,2%, e de duas décimas em 2019, para 2,1%.
Abaixo da média da zona euro ficam dois 'pesos pesados': Alemanha (2,1% para os dois anos) e França (1,9% também nos dois anos).
O caso mais preocupante é o de Itália, cujo PIB só aumentará 1,2% em 2018 e 1% em 2019, abaixo do antecipado pela OCDE em novembro.
Entre as grandes economias emergentes, os autores do estudo subiram as previsões para o Brasil (para 2% em 2018 e para 2,8% em 2019), China (6,7% e 6,4%), Índia (7,4% e 7,5%), México (2,5% e 2,8%), enquanto a Argentina viu revistas em baixa as suas previsões, depois dos imprevistos das últimas semanas resultantes de uma fuga massiva de capitais.
Em novembro, a OCDE tinha previsto uma subida do PIB argentino de 3,2% tanto para este ano como para o próximo, mas agora os números foram revistos em baixa para 2% e 2,6%, respetivamente.
Lusa