O ministro da Economia afirmou esta quarta-feira que as remunerações pagas a "muitos" dos trabalhadores da TAP são superiores às suportadas por congéneres europeias e que "é preciso um esforço muito significativo" para assegurar a viabilidade futura da companhia aérea.
O ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, falava aos jornalistas no final de uma reunião da Concertação Social, tendo sido questionado sobre o plano de reestruturação da TAP, que prevê o despedimento de 500 pilotos, 750 tripulantes de cabine e 750 trabalhadores de terra, assim como a redução em 25% da massa salarial do grupo.
"No caso da TAP, acresce também que os encargos salariais que [a TAP] tem, em comparação, e as remunerações que são pagas a muitos dos seus trabalhadores, em comparação com as suas congéneres europeias, são também superiores àquelas que as suas concorrentes e congéneres suportam", disse o governante.
"Portanto, é preciso fazer um esforço muito significativo para assegurar que a TAP não se mantém [só] em 2021, ou 2022, mas tem a possibilidade de se aguentar mais tarde", acrescentou.
De acordo com o ministro da Economia, o que está em causa é a criação de condições para que a TAP possa "sobreviver a longo prazo" e, para isso, é preciso fazer "um ajustamento de dimensão".
"A decisão que o Conselho de Ministros tomou ontem foi a de assegurar que há um plano que permite manter a TAP como uma empresa com viabilidade futura", frisou.
Siza Vieira lembrou, ainda, que a "injeção de dinheiros públicos", autorizada pela Comissão Europeia, tem como condição, imposta por Bruxelas, a demonstração de que a TAP tem viabilidade a longo prazo.
"Todas as companhias aéreas têm de fazer este esforço [de reestruturação] , porque, pura e simplesmente, neste momento, não há passageiros", apontou o governante, dando o exemplo da transportadora aérea alemã Lufthansa, que, disse, vai aplicar cortes de 45% nos salários dos pilotos, bem como reduzir a frota e os postos de trabalho.
O número dois do Governo sublinhou a importância que a transportadora aérea tem na economia nacional, enquanto grande exportadora, mas também como compradora a várias empresas portuguesas, justificando-se, assim, a intervenção em seu auxílio.
- Pedro Nuno Santos vai ser ouvido no Parlamento sobre plano de reestruturação da TAP
- TAP vai precisar de 3,2 mil milhões de euros até 2024
- Crise na TAP começa a ter efeitos colaterais. Duas empresas enfrentam despedimentos coletivos
- "A TAP é o novo Novo Banco"
- Frente-a-frente. Plano de reestruturação e o futuro da TAP