Economia

Plataforma de venda de ativos digitais de luxo capta investimento de 2,2 milhões de euros

Liderada pela Indico, White Star e Tioga Capital, a ronda de investimento na empresa Exclusive contou ainda com investidores-anjo de todo o mundo, entre eles o campeão de Fórmula E António Félix da Costa e o piloto Mix Evans

Plataforma de venda de ativos digitais de luxo capta investimento de 2,2 milhões de euros

A Exclusive – plataforma de ativos digitais fundada em Portugal, que permite a marcas de luxo publicarem e venderem NFT ("non fungible tokens", uma espécie de certificados digitais exclusivos) – captou uma ronda de investimento seed (semente) no valor de 2,2 milhões de euros.

Os NFT são um meio de registo na blockchain que certifica que um ativo digital é único. Podem ser utilizados para certificar a autenticidade de fotos, vídeos e áudio, entre outros tipos de ativos digitais, atribuindo-lhe um selo de raridade e escassez (o que leva a que, muitas vezes, sejam vendidos por valores milionários). Depois de adquirido, um NFT pode ser exibido na galeria digital do utilizador, partilhado nas redes sociais ou vendido no mercado secundário.

Liderada pela gestora portuguesa de fundos de capital de risco Indico Capital Partners, pelo fundo global sediado em Londres White Star Capital e pelo fundo europeu especializado na tecnologia na base das criptomoedas (blockchain) Tioga Capital, a ronda foi acompanhada por business angels (investidores-anjo) de todo o mundo. Entre eles, estão o piloto de Fórmula E António Félix da Costa e o piloto Mitch Evans, através da APEX Capital.

O capital vai permitir à empresa preparar o lançamento da plataforma de transacções, no quarto trimestre do ano.

Inspirada nos mercados online de luxo como a Net-a-porter ou a Farfetch, a Exclusive quer tornar-se na plataforma de referência para o luxo digital. O seu objectivo é atrair entusiastas de NFT e consumidores de luxo tradicionais, permitindo-lhes ter acesso a NFT de edição limitada e a experiências emitidas por marcas de luxo ligadas a supercarros, relógios, moda e joalharia.

As transacções poderão ser realizadas em criptomoeda ou com meios de pagamento tradicionais, como os cartões de crédito, e os utilizadores serão incentivados a partilhar os seus NFT e a construir uma comunidade interativa, com elementos sociais e de gamificação em torno das marcas.

Sublinhando que existe uma procura cada vez maior de marcas de luxo por este mercado (a reboque do número cada vez maior de cripto-entusiastas, colecionadores e outros que procuram investir em bens digitais), a Exclusive já tem cartas de intenção assinadas com designers globais de referência e está em negociações com diversas marcas de luxo em todo o mundo.

“As marcas tradicionais vão querer estar presentes neste espaço”, realça em comunicado Thibault Launay, cofundador e presidente executivo da empresa fundada em Portugal e um coleccionador de NFT, baseado em Cascais. “Isto será decisivo para a indústria de luxo, dada a importância do valor das suas marcas e a necessidade de estarem presentes onde estão os consumidores.”

Em 2020 o mercado dos NFT cresceu 299% para 250 milhões de dólares (212 milhões de euros), de acordo com um estudo do Nonfungible.com/L’Atelier BNP Paribas. Em julho de 2021, de acordo com a Exclusive, registaram-se vendas superiores a 1,2 mil milhões de dólares (mil milhões de euros, o equivalente a quase metade do volume de vendas observado durante o primeiro semestre de 2021.

Foi este ano que o termo NFT começou a ganhar fama quando, em março, a Christie’s anunciava a venda do NFT de uma colagem digital do artista Beeple (intitulada “Todos os Dias — Os Primeiros 5000 Dias”) por 69 milhões de dólares (58 milhões de euros), até então o valor mais elevado alcançado por uma obra de arte não física. Três semanas depois o ator John Cleese, da série britânica “Monty Phyton”, destronava Beeple, ao vender um desenho digital da ponte de Brooklyn por 69,3 milhões de dólares (59 milhões de euros).

“As marcas de luxo contêm ativos digitais de grande valor, onde a exclusividade da propriedade é altamente valorizada pelos consumidores dessas marcas”, aponta o presidente da Indico Capital Partners, Stephan Morais. “A Exclusive junta de forma natural esses activos com fãs e colecionadores”, acrescenta.