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Preços a que combustíveis saem da fábrica "já dão muita margem a quem refina"

José Gomes Ferreira aborda a subida dos preços dos combustíveis da próxima semana e questiona o porquê da Entidade Nacional do Setor Energético ter retirado do seu site informações dos lucros dos vendedores de combustível.

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José Gomes Ferreira aborda a subida dos preços dos combustíveis na próxima semana, que se deverá situar nos 9,6 cêntimos para o gasóleo e nos seis cêntimos para a gasolina, e questiona o porquê da Entidade Nacional do Setor Energético ter retirado do seu site informações dos lucros dos vendedores de combustível.

Questionado sobre se a subida do preço dos combustíveis é causada pelo valor elevado do petróleo, devido à guerra, ou se há algum interesse financeiro dos intervenientes no mercado petrolífero, José Gomes Ferreira garante que se verificam ambas as situações.

Mostra que o preço do barril de brent mantém-se em ascensão, situando-se atualmente nos 93,93 dólares (96,93 euros), enquanto, em sentido contrário, o euro continua a perder valor.

Apesar destes fatores que, segundo José Gomes Ferreira, influenciam o valor final, o preço a que os combustíveis saem da fábrica "já dão muita margem a quem refina", e dá o exemplo português da refinaria da Galp, em Sines. Revela que esta e outras refinarias, que vendem para o mercado português, têm vindo consecutivamente a aumentar as suas margens de lucro.

José Gomes Ferreira realça também que há um ano, "havia uma margem de 15 a 20 cêntimos, entre o preço de saída de fábrica e o preço de venda ao público e, neste momento, anda nos 30 a 40 cêntimos", algo que "é injustificado".

Custos envolvidos no processo de comercialização “nunca justificam” aumentos de 40 cêntimos nas margens de lucro

José Gomes Ferreira vinca que, apesar de haver custos associados ao transporte, armazenamento, marketing, distribuição, etc, os mesmos "nunca justificam" um aumento de 40 cêntimos.

Questiona ainda a Entidade Nacional do Setor Energético (ENSE) - entidade que gere as reservas, garante o abastecimento de combustíveis em Portugal e fiscaliza as infraestruturas de distribuição - sobre o porquê de retirar do seu site o gráfico que comparava o preço de referência dos combustíveis e o preço de venda ao público, revelando assim a margem de lucro dos vendedores de combustível.

“Porque é que esta entidade fez isto?”

José Gomes Ferreira mostra que já não é possível visualizar os valores de venda ao público, estando apenas disponível para consulta o preço de referência.

"Porque é que esta entidade fez isto? Só tenho uma pergunta, ou se calhar uma interpretação. Por pressão das distribuidoras sobre o Governo que por sua vez obrigaram a ENSE a tirar o gráfico? Ou foi a própria ENSE que por sua iniciativa o tirou? Expliquem aos portugueses, se faz favor".

Termina, apelando à transparência das entidades envolvidas no setor energético que, segundo o próprio, se tem vindo a tornar "cada vez mais opaco".