Economia

Adeus Elon Musk, olá Bernard Arnault. Quem é, agora, o homem mais rico do mundo?

Adeus Elon Musk, olá Bernard Arnault. Quem é, agora, o homem mais rico do mundo?

Esta semana, a Forbes e a Bloomberg retiraram Elon Musk do primeiro lugar da lista dos mais ricos do mundo. O topo do pódio não é, pela primeira vez em muitos anos, ocupado por um empresário das tecnológicas americanas; o francês Bernard Arnault tem, agora, a maior fortuna do mundo.

Quase todos os dias há notícias sobre Elon Musk. Pelo que faz, pelo que diz, pelas posições que toma. Esta semana não foi diferente na cadência noticiosa, mas o tom é outro. O patrão da Tesla e da SpaceX está a ser fortemente criticado pelo tempo (e pelo dinheiro) que gasta na gestão diária do Twitter, prejudicando os seus outros negócios. A queda das ações da Tesla parece muito estrutural e só isso bastou para o fazer descer um lugar no pódio dos mais ricos do mundo.

Na mesma semana, os dois índices de referência das maiores fortunas do mundo – da Forbes e da Bloomberg – retiraram-no do primeiro lugar, que tinha conquistado a Jeff Bezos, da Amazon, há apenas um ano. A decisão paralela está bem assente em números e não parece decorrer de um movimento conjuntural na bolsa: os mercados estão mesmo a castigar Elon Musk e as ações da Tesla valem bastante menos, encolhendo a fortuna do polémico empresário.

DADO RUVIC

É aqui que entra Bernard Arnault, francês de 73 anos e patrão do maior grupo de marcas de luxo do mundo. Num dos índices, o valor da fortuna da família Arnault é agora de 186 mil milhões de dólares, contra 176 mil milhões de Elon Musk. Uma diferença que catapultou o patrão do grupo francês LVMH (Louis Vuitton Moet Henessy) para o primeiro lugar da tabela.

IAN LANGSDON

A carreira do empresário francês não poderia ser mais diferente da dos bilionários da tecnologia americana. Nascido em 1949 em Roubaix, numa família de industriais, estudou numa das melhores faculdades francesas, trabalhou no grupo familiar, chegou a viver nos Estados Unidos enquanto criou um veículo financeiro, através do qual comprou, em 1984, um grupo têxtil francês quase falido. Acontece que esse grupo têxtil – Boussac Saint Fréres – tinha no seu seio uma joia potencial, na altura muito desvalorizada: a Christian Dior.

Com esse golpe de génio, relança a Dior e cresce até que entra com a sua têxtil no perímetro empresarial do grupo de luxo LVMH e conquista-o por dentro, transformando-o no mais pujante conglomerado mundial de marcas de luxo, com 5.500 lojas por todo o lado.

POOL New

Além de marcas como a Louis Vuitton ou a Dior, Bernard Arnault juntou-lhes a Tiffany, a Givenchy, a Marc Jacobs e bebidas como a Dom Perigon (além, claro, da Moet ou da Henessy).

No terceiro trimestre deste ano, o grupo registou vendas de 19,8 mil milhões de dólares, mais 19% que em 2021, batendo todas as expectativas dos analistas, num ano de crise económica e inflação.

Discreto, vestido quase sempre de fato escuro e gravata da mesma cor, tem poucas aparições públicas e não usa redes sociais. Há poucos meses decidiu vender o avião privado, porque já não conseguia lidar com os ativistas que seguiam o seu rasto e denunciavam no Twitter a sua pegada ecológica. Foge de todas as polémicas e investe em arte, criou a Fundação Louis Vuitton e o museu do mesmo nome em Paris, onde mostra o seu lado mais público. Além disso, e como tradicional em patrões franceses, detém o controlo de dois jornais, o Le Parisien e o Les Echos.

Arnault acompanhado da mulher, Helene Mercier-Arnault
Susan Walsh

Com as ações da Tesla em queda (cerca de -50% este ano) e as tecnológicas americanas sob grande pressão – o que tem levado a muitos despedimentos no setor -, Bernard Arnault não deve sair do primeiro lugar tão cedo.

Elon Musk continua em segundo. Mas atenção, o terceiro, sinal dos tempos, é um indiano: Gautam Adani, o rei das infraestruturas no subcontinente está à espreita.

Gautam Adani
Aijaz Rahi/AP