O Ministério das Finanças tem a tutela financeira da TAP, mas o então ministro, João Leão, diz que nunca foi informado sobre a indemnização paga a Alexandra Reis. A SIC sabe, contudo, que o então secretário de Estado do Tesouro estranhou a saída e falou sobre o caso com o administrador financeiro da TAP.
Miguel Cruz, ex-secretário de Estado do Tesouro, assumiu por parte das Finanças a reestruturação da TAP. Foi aliás quem negociou o processo em Bruxelas. Com dupla tutela, a do Tesouro e das Infraestruturas, a saída de um administrador da companhia aérea é matéria que interessa aos dois Ministérios.
Do lado das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos demitiu-se depois de assumir publicamente que o secretário de Estado Hugo Santos Mendes deu autorização para a saída negociada e teve conhecimento prévio do valor da indemnização.
Mas as Finanças continuam a dizer que de nada sabiam. Fernando Medina entrou já depois da saída de Alexandra Reis da TAP. À data, o ministro das Finanças era João Leão que, contactado pela SIC, disse:
"Era natural que o Ministério fosse informado, mas desconhecia"
A SIC sabe, contudo, que Miguel Cruz, o então secretário de Estado do Tesouro, estranhou a saída de Alexandra Reis e falou informalmente com Gonçalo Pires, administrador financeiro da TAP.
Já depois de contactado pela SIC, João Leão volta a falar com o então secretário de Estado e reforça: "Ele diz-me que não tinha conhecimento do acordo".
Certo é que o Ministério das Infraestruturas sabia. É um facto também confirmado que Miguel Cruz e o administrador financeiro da TAP conversaram. Mas na conversa nunca terá sido mencionada a existência de uma indemnização.
Gonçalo Pires mantém-se no cargo, na TAP. Já Miguel Cruz saiu do Governo e cinco meses depois foi nomeado por Pedro Nuno Santos para Presidente das Infraestruturas de Portugal, empresa pública concessionária das auto-estradas e da rede ferroviária em Portugal.