A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) está mais otimista sobre a redução da inflação na zona euro este ano, mas mais pessimista sobre a que exclui a energia e os alimentos, taxa que continua elevada, segundo as previsões económicas divulgadas esta sexta-feira.
Na atualização das previsões económicas intercalares divulgadas esta sexta-feira, cujo relatório se intitula "Recuperação frágil", a OCDE assinala que a atualmente a inflação na zona euro ainda reflete os efeitos da subida dos preços de energia em 2022.
Prevê, assim, que a taxa de inflação nos países da moeda única se reduza de 8,4% em 2022 para 6,2% em 2023 e para 3% em 2024. Este cenário significa uma revisão em baixa de 0,6 pontos percentuais (pp.) e de 0,4 pp. para este e o próximo ano, face ao relatório de novembro.
No entanto, alerta para os níveis da inflação 'core' [taxa de inflação que exclui a energia e os bens alimentares não transformados], já que prevê que nos países da zona euro esta taxa passe de 4% em 2022 para 5,2% este ano, antes de cair para 3% em 2024.
A um nível global, a OCDE destaca que se prevê "que a inflação modere gradualmente ao longo de 2023 e 2024, mas permaneça acima dos objetivos dos bancos centrais até à segunda metade de 2024 na maioria dos países".
"Continua a haver uma divergência acentuada nas taxas de inflação entre os países, com a inflação ainda em níveis relativamente baixos em algumas economias asiáticas, incluindo China e Japão, mas muito alta na Turquia e Argentina", refere.
A instituição salientou que "a recente redução da inflação global também se refletiu nas expectativas de inflação com base nas famílias e no mercado nas principais economias avançadas".
"A inflação de preços de bens começou a cair na maioria dos países, refletindo a desaceleração mais ampla do setor no ano passado, bem como a normalização gradual da composição da procura de bens para serviços e a flexibilização dos estrangulamentos da cadeia de abastecimento global", explica.
Por outro lado, destaca que "a taxa de inflação está em declínio, mas a inflação 'core' continua elevada", devido ao "forte aumento do preço dos serviços, margens mais altas em alguns setores" e pressões de custo nos mercados de trabalho.
OCDE defende mais aumentos das taxas de juro na zona euro e nos EUA
A OCDE defendeu esta sexta-feira, na atualização das previsões económicas, mais aumentos das taxas de juro em muitas economias, incluindo na zona euro e nos EUA, e que as medidas de apoio se tornem focadas para os mais vulneráveis.
Considera que "a política monetária precisa permanecer restritiva até que haja sinais claros de que as pressões na inflação subjacente sejam reduzidas de forma duradoura".
"Ainda são necessários mais aumentos nas taxas de juros em muitas economias, incluindo os Estados Unidos e a zona euro. Com a inflação 'core' a recuar lentamente, é provável que as taxas de juros continuem altas até meados de 2024", assinala.
Assim, prevê que as taxas de juro atinjam o pico entre 5,25%-5,5% nos Estados Unidos, 4,75% no Canadá e 4,25% na zona euro (taxa principal de refinanciamento) e no Reino Unido.
"O declínio projetado da inflação nos próximos dois anos pode permitir uma leve flexibilização da política monetária em algumas economias em 2024, principalmente naquelas em que o ciclo de aperto já está próximo de ser concluído", antecipa.
A OCDE disse ainda que o apoio orçamental para mitigar o impacto dos altos preços dos alimentos e da energia precisa de se tornar mais focado nos mais vulneráveis, argumentando que um melhor direcionamento e uma redução "oportuna" dos apoios gerais "ajudariam a garantir a sustentabilidade orçamental, preservar os incentivos para reduzir o uso de energia e limitar a procura.
Defende ainda os esforços para reformas e o reforço da cooperação internacional para ajudar a superar a insegurança alimentar e energética.