A Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (FECTRANS) responsabiliza o Governo pela polémica em torno da compra dos navios sem bateria pela Transtejo e que levou à demissão da administração da empresa.
"Lamentavelmente o que vai acontecer é que durante muito tempo, vamos ter uma decisão por resolver. Com o público a pagar aquilo que foi a falta de planificação e acima de tudo, pensamos que é necessário não culpar, apenas, a administração, mas há responsabilidades políticas que têm de ser apuradas", confessou José Manuel Oliveira, da FECTRANS.
Em 2020, a Transtejo/Soflusa, que assegura ligações fluviais no rio Tejo, comprou dez navios elétricos, mas nove não podem navegar devido à falta de baterias. A empresa investiu 52 milhões de euros nos equipamentos e pretendia, agora, avançar com um ajuste direto, para a compra do material em falta, um negócio de mais de 15 milhões de euros. que foi chumbada pelo Tribunal de Contas.
"A Transtejo comprou um navio completo e nove navios incompletos, sem poderem funcionar, porque não estavam dotados de baterias necessárias para o efeito. O mesmo seria, com as devidas adaptações, comprar um automóvel sem motor, uma moto sem rodas ou uma bicicleta sem pedais, reservando-se para um procedimento posterior a sua aquisição", considerou o Tribunal de Contas.
Entretanto, o conselho de administração da empresa pediu, na quinta-feira, a demissão, após o relatório do Tribunal de Contas (TdC) que acusa a empresa de "faltar à verdade" e de práticas ilegais e irracionais.
A presidente demissionária, Marina Ferreira, considerou que é uma acusação "gravosa e injusta", a forma como o Tribunal de Contas se referiu ao Conselho de Administração da empresa.
"Acho completamente desnecessário e gravoso para a nossa honra a forma como tribunal se referiu a nós. Nunca tomamos decisões levianas e nunca deixamos de pôr sempre à frente de tudo o interesse público e a legalidade das decisões", disse Marina Ferreira.
O ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, reagiu ao relatório do Tribunal de Contas e reiterou que a decisão da Transtejo foi a mais acertada.
"Estou absolutamente convicto de que a decisão foi tomada consciente de que era a melhor que se podia tomar na altura", afirmou Duarte Cordeiro
O governante disse que estas decisões da administração da Transtejo/Soflusa foram tomadas porque entendeu-se, na altura, que eram as "mais rápidas para se poder promover" a operação de barcos elétricos no rio Tejo.
Catorze organizações sindicais reuniram, esta sexta-feira, e decidiram recorrer diretamente ao primeiro-ministro, com quem se vão encontrar na próxima quarta-feira, dia 22.