O Governo anunciou esta sexta-feira um novo pacote de medidas de apoio às famílias portuguesas. José Gomes Ferreira alerta que, a um ano das eleições europeias, pode estar a gerar-se uma ideia de que o Executivo está a dar mais do que o prometido. Afirma que essa ideia “é justa”, mas que as pessoas também o merecem.
Sobre o pacote de ajudas, que inclui IVA zero num cabaz de bens essenciais, o aumento dos salários na Função Pública e um apoio às famílias vulneráveis, afirma que era “fundamental” e que é “evidente” a justiça social destas medidas.
“Há muita gente a passar mal. As dificuldades no no país são evidentes e o que se esperava do Governo era que aumentasse o nível de apoios prestado. Já vamos no 4.º ou 5.º pacote de ajudas, este era fundamental e a justiça social de todas estas medidas é evidente”, defende.
IVA zero no cabaz de produtos essenciais: hipermercados vão cumprir?
José Gomes Ferreira diz que cada medida tem “algumas questões” que devem ser levantadas, começando pelo IVA zero no cabaz de produtos essenciais. Alerta que é, por agora, ainda uma promessa e que não está em vigor e questiona como irá o Executivo controlar as dezenas de milhares de postos de venda.
“Se for feito na base de um cabaz com a identificação do preço por quilo, para se poder fazer contas facilmente, pode ser que seja controlável”, sugere.
No entanto, sublinha um receio: “Os operadores que não quiserem seguir isto não vão seguir”.
Apoio às famílias vulneráveis: “É melhor do que não haver”
Entre as medidas anunciadas esta sexta-feira, está um novo apoio às famílias vulneráveis de 30 euros por mês para fazer face à subida do custo de vida. José Gomes Ferreira sublinha que é “bem-vindo”, mas “tem um problema de base”.
“É melhor do que não haver, as pessoas precisam muito, mas tem um problema de base: muita gente que ganha mais do que o ordenado mínimo, mas declara o ordenado mínimo subverte o critério desta ajuda”.
Aumentos na Função Pública: e os privados?
Questionado sobre os aumentos na Função Pública, também anunciados esta sexta-feira, José Gomes Ferreira lembra que houve um acordo na concertação social para, em conjunto com os patrões, subir os salários 5% ao ano, num total de 20% ao fim de quatro anos.
“Não houve um acordo de concertação social que referia os privados? E que foi alvo de uma promessa que era concertar-se com os patrões? Houve. O Governo não anunciou uma reabertura de negociações. Certamente alguns patrões vão fazer aumentos maiores do que o previsto, porque a inflação é quase o dobro do previsto”, concluiu.