O Governo espanhol vai ajudar os jovens a comprar casa a crédito, numa altura em que mais de 80% dos jovens em Espanha, entre os 18 e os 34 anos, não consegue sair de casa dos pais. O Estado deverá agora garantir até 20% do valor dos empréstimos para quem tem até 35 anos e está a comprar casa pela primeira vez. Um dos critérios é o rendimento anual ser inferior a 37.800 euros.
Pedro Sánchez, líder do Governo espanhol, compara a urgência de agir na área da habitação com a emergência que teve que existir na resposta à covid-19. Em Portugal, a situação também requer medidas urgentes e eficientes. Nuno Rico analisa o contexto português, onde os jovens são dos que mais tarde saem de casa dos pais.
Dados de 2021 indicam que, em média, os jovens portugueses deixam de morar em casa dos pais quando têm 33,6 anos, idade bastante superior à média europeia que é de 25,5 anos.
“É muito difícil hoje em dia um jovem português conseguir ter acesso à habitação própria. Nos últimos 10 anos a evolução dos salários líquidos em Portugal foi 3 vezes inferior à evolução do preço dos imóveis. Ora, temos cada vez uma maior disparidade entre o preço dos imóveis e os rendimentos”, explica o especialista em produtos bancários da DECO/ Proteste.
Os baixos rendimentos, a instabilidade contratual e a precariedade são alguns dos fatores apontados por Nuno Rico, que necessitam de resolução urgente, tanto mais que “75% dos jovens em Portugal ganham menos de 1.000 euros líquidos”, realça.
Fazem sentido encargos iniciais tão elevados?
Os custos iniciais para a compra de casa são muito elevados. Esse é outro aspeto que deveria ser revisto, tanto para os jovens como para todos os que precisam de comprar casa e que se debatem com elevados encargos iniciais para aquisição da habitação.
Nuno Rico sublinha também a “inexistência de ofertas específicas no crédito para os jovens”, tal como acontecia há cerca de 15 anos.
Essa ausência de um produto específico de crédito à habitação para menores de 35 anos é mais um fator que atrasa a saída de casa dos pais.
Criação de travão à prestação
A DECO/ Proteste já tem divulgado uma medida a aplicar no crédito à habitação que poderia ser uma ajuda para os jovens e não só.
A medida baseia-se no princípio de “haver a possibilidade de o consumidor acionar um travão e limitar essa subida até aos 3 pontos contratuais acima daquilo que foi inicialmente contratado. Passaria a ser o prazo que passa a oscilar”, explica Nuno Rico.
O especialista da DECO/ Proteste lamenta também que não haja "um mercado de arrendamento dinâmico em Portugal, que permita que se constitua uma verdadeira alternativa ao mercado do crédito”.