Natália Nunes, coordenadora do gabinete de proteção financeira da DECO, refere que apesar de a taxa de inflação ter abrandado, os números continuam muito longe do objetivo do Banco Central Europeu (BCE), o que deixa alguns receios, sobretudo para as famílias mais vulneráveis.
O abrandamento da inflação é um "bom indicador", no entanto, ainda são "tempos difíceis", alerta a responsável. Aliás, os "próximos tempos" ainda vão ser "penosos" para muitas famílias, defende.
"Já sabemos que cada vez que o Banco Central Europeu altera a taxa de referência reflete-se nas prestações, algo que é muito penoso para famílias com taxas de esforço elevadas", refere.
Natália Nunes alerta que há famílias a tomar "medidas radicais", como vender a casa, por não terem como suportar a prestação do crédito à habitação, lembrando que em Portugal ainda há uma "grande fatia" da população com baixos rendimentos.
Apesar do abrandamento da inflação, os preços ainda estão muito elevados e continuam a subir, sobretudo os da alimentação, diz.
"É desastroso para famílias com menores rendimentos, que continuam a ter muitas dificuldades em suportar despesas com alimentação", afirma, acrescentando que os apoios são insuficientes.
A coordenadora do gabinete de proteção financeira da DECO lembra que ainda há resistência dos bancos na renegociação de créditos.
A taxa de inflação na zona euro abrandou para os 5,5% em junho. Os dados do Eurostat mostram que na União Europeia a taxa fixou-se nos 6.4%.
Os alimentos continuam a ser os bens que registam maior aumento mensal.
Portugal continua abaixo da inflação registada na zona euro e na União Europeia. No mês passado, a taxa recuou para os 3,4%.