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Taxas de juro: o cenário que pode vir a ser “absolutamente incomportável”

José Gomes Ferreira traça um cenário que pode vir a ser “incomportável” para o Estado português, se as taxas de juro continuarem a subir, e apela: “esperemos que o BCE modere um bocadinho a subida”.

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José Gomes Ferreira alerta que a subida contínua das taxas de juro pelo Banco Central Europeu pode vir a transformar-se num cenário “absolutamente incomportável” para o Estado português.

“Para o Estado fazer novas emissões de dívida, a taxa de juro anda pelos 3,5%. A taxa média a que pagamos os empréstimos ainda está nos 1,7%, está a menos de metade”, explica.

No entanto, essa realidade pode vir a alterar-se. José Gomes Ferreira esclarece que, conforme a taxa de juro do BCE vai aumentando, também a taxa que os credores vão exigindo acompanha essa subida.

“Se isto continuar, daqui a três ou quatro anos estaremos a pagar não 1,7% ao ano mas 3,5% ou 4%”, afirma.

Em termos práticos, os juros que o Estado paga nos empréstimos não chegam, neste momento, aos seis mil milhões de euros. Mas se a taxa média da dívida duplicar nos próximos cinco anos, esse valor pode subir para 10 mil milhões de euros.

“Dez mil milhões de euros é tanto quanto se gasta na educação ou na saúde. É absolutamente incomportável e o Estado teria que deixar de gastar nas outras áreas”.

Por isso, apela: “Esperemos que o BCE modere um bocadinho a subida”.

A banca sai favorecida

“Estamos num tempo em que a banca somou os maiores lucros das últimas décadas. Vão buscar dinheiro a um preço mais baixo e aplicam-no com taxas de juro e spreads mais altos e o excedente depositam-no no BCE, onde rende 3,5%”, afirma José Gomes Ferreira.

O diretor-adjunto de Informação da SIC afirma mesmo que o sistema europeu de bancos favorece a banca. Já as famílias que necessitam de recorrer ao crédito “têm razão” quando dizem que há um contraste muito grande, conclui.