Mais de 90 mil alunos do Ensino Superior candidataram-se a uma bolsa de ação social até ao final de setembro. São mais 10 mil pedidos em relação ao mesmo período do ano passado. Este crescimento está associado às consequências do aumento do custo de vida, mas reflete também as novas regras que alargam o número de alunos que podem beneficiar de bolsa de ação social. A presidente da Federação Académica do Porto, Ana Gabriela Cabilhas, acredita que impossível não associar o “aumento do número de pedidos de ação social ao elevado custo de vida das famílias e ao peso que o custo e a frequência do ensino superior tem hoje nos agregados familiares, muito associado à despesa com o alojamento”.
Em entrevista na SIC Notícias, Ana Gabriela Cabilhas lembra também as dificuldades de transporte para os estudantes que não podem suportar as despesas de alojamento.
“Temos casos até de estudantes que tem que se colocar de carro até à paragem de autocarro, depois têm que apanhar um autocarro para conseguir chegar até ao Porto, depois têm de apanhar o metro até à faculdade. Aqui não há apenas o custo associado a esta despesa de transporte e de deslocação, mas há depois também aqui algo que é muito importante, que é o impacto psicológico, o cansaço, a fadiga e a forma como isto impacta também o desempenho académico.
Não nos podemos esquecer que o desempenho académico é um dos critérios para garantir a elegibilidade à bolsa de estudo e, portanto, temos aqui casos até de estudantes que entram quase que num ciclo vicioso, porque este rendimento académico está condicionado pelo peso que, neste caso, a falta de disponibilidade de terem um quarto a preços que consigam suportar, afeta o seu rendimento e o seu desempenho".
A presidente da Federação Académica do Porto destaca o facto de este ano ter havido um aumento do limite do limiar de elegibilidade, ou seja, mais estudantes estarão em condições de poder beneficiar da bolsa de estudo, o que também contribui para o aumento do número de candidaturas à bolsa.
Contudo, Ana Gabriela Cabilhas considera que é importante perceber “quantos é que efetivamente vão ter acesso à bolsa de estudo e informar também os estudantes e as famílias que, no caso de não poderem beneficiar de uma bolsa de estudo e caso tenham um momento, por exemplo, de uma quebra abrupta do rendimento do agregado familiar ou que fiquem numa situação particularmente vulnerável, devem dirigir-se aos serviços de ação social da sua universidade ou do seu politécnico, porque há aqui outros mecanismos que podem ser espoletados, nomeadamente apoios e auxílios de emergência para estas situações pontuais”.