A Comissão de Ética do Banco de Portugal considera que Mário Centeno cumpriu os deveres de conduta, ao ser proposto por António Costa para a liderança do Governo. Ainda assim, admite que a polémica pode causar danos à imagem da instituição. José Gomes Ferreira não ficou surpreendido pela decisão, mas considera que a credibilidade de Centeno ficou beliscada com as declarações que fez ao Financial Times.
"Não me parece surpreendente o resultado da análise feita pela Comissão de ética, até porque é é presidida por um ex-banqueiro. Rui Vilar foi presidente da Caixa Geral de Depósitos. Os banqueiros entre si sempre se protegeram".
Há o facto de se ter disponibilizado para liderar um governo, nunca o desmentiu. Mas não é por este por este convite de António Costa que a independência de Mário Centeno é posta em causa. José Gomes Ferreira considera que o facto de ter dito ao Financial Times uma coisa de que depois se retratou “diminui a sua credibilidade”.
Primeiro-ministro assume pasta das Infraestruturas
António Costa assume as funções de João Galamba, que se demitiu do cargo de ministro das Infraestruturas. Gomes Ferreira considera que é uma opção que faz sentido.
“Eu acho é que se fosse escolhida uma outra personalidade que não faz parte do Governo, seria até estranho alguém aceitar vir para um governo em que não tem margem de atuação (…) seria contra-natura até que alguém com credibilidade política aceitasse ir para este cargo”.
Concentrar no primeiro-ministro? “Sim, claro que sim, até porque força dos dossiês que estão a correr continuam a correr sob alçada deste Ministério: a parte operacional da tutela da TAP (…) a importantíssima área que está já em curso das obras na ferrovia e os próprios concursos para aquisição de material circulante da CP".
PS recuou no aumento do IUC
O PS apresentou uma proposta para eliminar o aumento do IUC para veículos anteriores a 2007 do Orçamento do Estado para 2024 defendendo que é “uma questão de justiça social e proteção dos cidadãos com maior vulnerabilidade económica”, mas Gomes Ferreira considera eleitoralismo.
"Se fosse antes da demissão do primeiro-ministro, eu diria que era um reconhecimento de uma injustiça do Orçamento do Estado" (…) Agora acontece numa situação em que o Governo está demissionário, em que o Presidente da República aceita que decorra a discussão, o prazo para discussão e aprovação final do orçamento do Estado, mas já é um posicionamento partidário estratégico do ponto de vista eleitoral e, portanto, é eleitoralismo sim (…) neste cenário, toda alteração é taticista e eleitoralista".