Economia

Análise

Combater a inflação? "IVA Zero é uma medida completamente absurda"

O economista Pedro Brinca analisa a situação atual de pobreza no país, que aumenta, os lucros do banco e as medidas desproporcionais ou pouco justas do Governo.

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Pedro Brinca, economista, analisa o aumento de pobreza em Portugal e comenta a medida do IVA Zero que, na sua opinião, é “absurda” e não ajuda as famílias.

O aumento do custo de vida e o preço da habitação estão a deixar mais portugueses em risco de pobreza. O setor social não está a conseguir dar resposta a todos os pedidos e há instituições com mais de 100 pessoas em lista de espera.

Enquanto isto acontece, os bancos estão a lucrar e existe um excedente orçamental. Para Pedro Brinca, “toda e qualquer crise e abrandamento económico tem efeitos fortemente redistributivos”.

"Com a subida das taxas de juro e aumento da margem financeira os bancos estão com lucros bastante acentuados, mas olhando em termos acumulados em 2011, só este ano é esperado o setor da banca atingir o breakeven o equivalente aos prejuízos mais os lucros que dá mais ou menos zero", explica o economista.

Mais. Pedro Brinca reforça que também as política do Banco Central Europeu são fortemente redistributivas e que a subida das taxas de juro é para “retirar poder de compra a famílias, aos governos e empresas”.

“O que mais subiu foi a habitação e alimentação e alimentação tem mais valor e peso nas famílias mais carenciadas”, relembra.

Para colmatar estas dificuldades em adquirir alimentos, e saudáveis, o Governo introduziu o IVA Zero para dezenas de alimentos essenciais na alimentação de um português.

Mas Pedro Brinca não concorda com a aplicação da medida, como ferramenta capaz de colmatar a inflação.

"O IVA Zero, do ponto de vista de uma medida de combate a inflação, é completamente absurda, é cega e corta 6% nos bens alimentares para todos, seja para o Cristiano Ronaldo para os bifes Wagyu, seja para o pobrezinho que compra umas febras de porco para se desenrascar, não é justa", evidencia o economista.

O Boletim Económico do Banco de Portugal exemplifica-o, diz Pedro Brinca, e mostra que a descida de 6% no imposto não correspondeu a uma descida de 6% do preço.

“640 milhões de euros no Orçamento do Estado com uma parte significativa que não foi par as famílias, porque os preços não baixaram”, conclui.