A economia chinesa acelerou no trimestre outubro-dezembro e fixou a taxa anual de crescimento em 5,2%, correspondendo ao objetivo estabelecido pelo Governo chinês, segundo dados oficiais hoje divulgados. Esta aceleração reflete também o efeito base de comparação face à paralisia da atividade económica em 2022, suscitada pela política de 'zero casos' de covid-19.
Em 2022, o PIB da China cresceu 3%, representando assim uma das taxas mais baixas dos últimos 40 anos. No último trimestre de 2022, a economia chinesa também cresceu 5,2% em relação ao período homólogo.
A nível trimestral, a economia cresceu 1% no quarto trimestre, representando um abrandamento em relação à expansão de 1,3% registada entre julho e setembro.
O Gabinete Nacional de Estatística da China afirma que as medidas, incluindo "o reforço da regulação macroeconómica e os esforços redobrados para expandir a procura interna, otimizar a estrutura, aumentar a confiança e prevenir e neutralizar os riscos", permitiram melhorar a dinâmica da recuperação, da oferta e da procura.
A produção industrial, que mede a atividade nos setores indústria transformadora, minas e serviços públicos, apresenta um aumento de 4,6%, em 2023, em comparação com o ano anterior, enquanto que as vendas a retalho de bens de consumo cresceram 7,2%.
O investimento em ativos fixos (despesas com equipamento industrial, construção e outros projetos de infraestruturas para impulsionar o crescimento) cresceu 3% em 2023.
Ainda assim, os indicadores apontam para uma recuperação desigual na China.
Os dados comerciais de dezembro revelaram um ligeiro crescimento das exportações pelo segundo mês consecutivo, bem como o aumento das importações. No entanto, os preços ao consumidor caíram pelo terceiro mês consecutivo, indicando a persistência de pressões deflacionistas.
O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, afirmou no Fórum Económico Mundial em Davos (Suíça), na terça-feira, que a China alcançou o seu objetivo económico sem recorrer a "estímulos maciços". Li Qiang afirmou que o país tem "fundamentos bons e sólidos no seu desenvolvimento a longo prazo" e que, apesar de alguns contratempos, mantém-se a tendência positiva da economia.
O abrandamento reflete também os esforços de Pequim para desalavancar a economia, pretendendo reduzir riscos financeiros e construir um modelo que consista na produção de bens com valor acrescentado e alocação eficiente de recursos.
Mas as perturbações causadas pela pandemia e a crise de liquidez no setor imobiliário, que concentra cerca de 70% da riqueza das famílias chinesas, segundo diferentes estimativas, afetaram a confiança dos consumidores, refletindo-se na economia.