Sem nunca falar diretamente no PS, João Galamba acusou esta quarta-feira a “Esquerda” de “mesquinhez ideológica” no chumbo das novas taxas de IRS propostas pelo PSD e CDS.
Numa publicação na rede social X, o antigo ministro das Infraestruturas considerou um “absurdo” fingir “que se tem alternativa progressiva, acenando com migalhas que ninguém valoriza”.
Em causa o que está a ser apelidado como “conluio” entre PS e Chega para não deixar passar a proposta da AD - que previa descidas nos escalões para quem ganha até 6.500 euros brutos por mês -, para aprovar, de seguida, a proposta do PS.
“A Esquerda está a chumbar 20 ou 30 euros mensais de redução de IRS nos escalões mais elevados em troca de um ou dois euros nos menos elevados. (...) Se não queremos descidas do IRS que beneficiem mais os escalões mais elevados, então chumbe-se a proposta e proponha-se usar o mesmo dinheiro para outra política mais progressiva. Dizer que se defende uma descida mais ‘progressiva’ para beneficiar mais gente em um ou dois euros é que já me parece absurdo”, escreveu Galamba.
A diferença entre as propostas da AD e do PS
Os sociais-democratas queriam descidas nos escalões para quem ganha até 6.500 euros brutos por mês, isto é, até ao oitavo escalão. Mas os socialistas traçam a linha vermelha a partir do sexto patamar. Rejeitam um alívio fiscal a rendimentos tão elevados e queriam baixar as taxas apenas até ao sexto escalão.
A taxa marginal atualmente em vigor sobre os 6.º, 7.º e 8.º escalões do IRS é de, respetivamente, 37%, 43,5% e 45%. A proposta de alteração do PSD apontava para taxas de, pela mesma ordem, 35%, 43% e 44,75%.
Depois do chumbo da proposta da AD, PS e Chega voltaram a ‘juntar-se’ para aprovar então a proposta do PS, que propõe um alívio para quem ganha até 3.100 euros, com um recuo mais acentuado na taxa no segundo escalão.
Os socialistas apresentam uma taxa mais baixa no segundo escalão face à AD - 16,50% vs. 17,50% respetivamente - e mais alta no sexto escalão - 35,50% vs. 35%.