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Tarifas dos EUA: "Portugal é visto cada vez mais como economia refúgio"

Na análise ao impacto das tarifas impostas por Donald Trump, Catarina Castro, analista de mercados, explica que no caso de Portugal o índice de mercado de capitais, o PSI-20, "mantém-se com uma cotação relativamente inalterada ou até positiva no dia de hoje".

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Sem surpresas, as principais bolsas europeias abriram esta quinta-feira a negociar em terreno negativo depois de Donald Trump impor tarifas comerciais sobre os produtos que entram nos EUA praticamente desde todo o planeta. As tarifas variam entre os 10 e os 50%. Na União Europeia serão de 20%. Catarina Castro analisa a reação das bolsas depois do anúncio do Trump.

“Dentro dos três modelos possíveis, foi anunciado aquele que era mais consensual e aquele que é, de alguma forma, mais previsível dentro da imprevisibilidade de Donald Trump e da sua administração”.

Nesse sentido, as correções que estamos a viver hoje, em termos de mercados de ações, mas também de mercado de obrigações, incluindo a classe do ouro, portanto também o ouro cai como reação hoje cerca de meio por cento. Isto é um dado importante porque será sempre um barómetro de maior agudizar ou não de preocupações e de tensões.

E, portanto, nesse sentido, apesar do anúncio ser sempre um anúncio negativo, as bolsas não reagem de forma excessivamente abrupta", explica a analista de mercados.

Catarina Castro sublinha também o impacto destas alterações para Portugal: “Somos efetivamente vistos cada vez mais como país refúgio, como economia refúgio e tanto é que o nosso próprio índice de mercado de capitais, portanto o PSI-20, mantém-se com uma cotação relativamente inalterada ou até positiva no dia de hoje”.

Questionada sobre se estas tarifas podem efetivamente trazer o crescimento que Trump antecipa, a analista de mercados começa por realçar que a prioridade do Presidente dos EUA e da sua administração é a redução de déficit externo e que, nessa ótica, estas tarifas “trazem aquilo que o orçamento de Estado e a dívida pública de Donald Trump necessitam”.

“Esta é a medida que eles querem implementar na linha historicamente de Reagan, menos próximo de Jimmy Carter, que era também um dos modelos possíveis à data de ontem, mas vão avançar com esta dose ou este antibiótico para o tema do déficit externo, muito em linha com aquilo que já se viu no passado, do ponto de vista da administração de Reagan”, esclarece a comentadora da SIC.