Economia

Novas tabelas do IRS: que impacto vão ter no reembolso em 2026? Eis as contas

Com as alterações às tabelas de IRS, como ficam as contas do acerto final em 2026? Vai receber reembolso ou terá de pagar? Veja aqui as simulações.

Novas tabelas do IRS: que impacto vão ter no reembolso em 2026? Eis as contas
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As novas tabelas de retenção do IRS vão, em regra, reduzir os reembolsos ou aumentar o valor a entregar pelos contribuintes na hora do acerto do imposto em 2026, mostram simulações da PwC.

Em agosto e setembro, as taxas de retenção vão ser mais baixas do que as aplicadas de janeiro a julho, devido ao ajuste das tabelas feito pelo Governo. Vai até haver contribuintes que não vão descontar qualquer valor nos próximos dois meses.

Depois, em outubro, novembro e dezembro, voltam a mudar, para valores superiores aos de agosto e setembro, mas inferiores aos praticados nos primeiros sete meses de 2025.

Como é que isto vai influenciar o acerto em 2026?

Joana Garrido, da equipa fiscal da PwC, explicou à Lusa que "a diminuição significativa" do valor retido em agosto e setembro "implicará, em quase todos os casos analisados, uma diminuição do reembolso de IRS ou um aumento do IRS adicional a pagar" na entrega da declaração de IRS a efetuar em 2026, por comparação com o IRS de 2024.

A fiscalista confirma que há uma aproximação "cada vez" maior do IRS retido mensalmente ao imposto anual, o que diminui "as situações em que ocorreriam reembolsos de IRS".

"Quando observamos os níveis de rendimento acima de aproximadamente 3.000 euros, conseguimos verificar que, na grande maioria dos casos, após a entrega da declaração anual de IRS, ocorrerá o pagamento de um valor adicional de IRS por parte dos contribuintes, ao contrário do que sucedeu em 2024 [em que havia um reembolso]", nota.

Segundo Joana Garrido, este efeito decorre maioritariamente do facto de as taxas de retenção na fonte de agosto e setembro "serem significativamente inferiores às que foram aplicadas nos meses de agosto e setembro de 2024" para os contribuintes "com níveis de rendimento até aproximadamente 20.000 euros".

Vamos a contas

De acordo com as simulações, um trabalhador por conta de outrem solteiro e sem filhos que ganhe 1.500 euros brutos irá pagar 2.354,73 euros de IRS sobre os rendimentos de 2025 (é esse o valor real do IRS final). Como ao longo deste ano irá reter 2.228 euros, terá de entregar 126 euros ao Estado no acerto final, porque o montante descontado foi inferior ao imposto real.

Outros casos simulados mostram situações idênticas, por exemplo, de trabalhadores solteiros e sem filhos que recebem 1.250, 1.750, 2.500, 3.000, 3.500 euros.

No entanto, também há situações em que o acerto é menor. Acontece com os trabalhadores solteiros e sem filhos que ganham 950 euros ou 2.000 euros.

Quem ganha 5.000, 6.000 ou 7.000 euros mensais deixa de receber um reembolso e passa a ter de entregar IRS no momento do acerto, circunstância que se passa quer com trabalhadores solteiros e sem filhos, quer com trabalhadores casados e sem filhos ou com dois filhos.

É preciso ter em consideração que, em algumas situações, o valor das deduções à coleta pode ditar um resultado diferente, fazendo com que, em vez de pagar, um contribuinte continue a receber um reembolso.

As simulações dizem respeito a casos abstratos e simples. No caso das deduções, a PwC assume como pressuposto que "o contribuinte não tem quaisquer outras despesas dedutíveis, para além das despesas gerais e familiares", de 250 euros.

Com Lusa