Desde 2021 que o salão automóvel da Alamanha destaca o tema da mobilidade. Foi nesse ano que se mudou de Frankfurt para Munique e passou a ter uma área que ocupa o centro da cidade, para estar mais perto do público. As marcas alemãs não estão sozinhas, mas jogam em casa e apostam forte.
É o caso da chegada de uma versão 100% elétrica do Mercedes GLC, que é o SUV compacto mais vendido da Mercedes no mercado europeu. A autonomia irá ultrapassar os 600 quilómetros. O GLC ai continuar a ter versões com motor a combustão e já está a dar que falar pela visual com detalhes como as óticas que dão ares de carro italiano.
No evento de lançamento, a Mercedes anunciou ainda um Classe C elétrico, uma versão mais pequena do Classe G e nova geração do GLA. Mas houve um carro que ofuscou todos os outros: o AMG GT XX, protótipo daquele que vai ser o primeiro desportivo 100% elétrico da marca alemã. Os números são uma brutalidade: tem quatro motores elétricos, potência combinada de mais de 1300cv e baterias e sistema elétrico derivado da Formula 1. Aliás, o piloto George Russel foi um dos que guiou este carro.
A BMW guardou para Munique a revelação do iX3, o primeiro carro da Neue Klasse, ou a nova geração de modelos da marca bávara. Tem uma plataforma nova, mais eficiente, e a autonomia é de 805 quilómetros. Tem carregamento rápido, que permite ter 350 quilómetros em 10 minutos.
Por dentro, destaque para a estreia do Panoramic IDrive, que já tinha sido mostrado no início do ano, e que é um novo conceito de utilização. As informações mais utilizadas no ecrã central podem ser escolhidas para aparecerem na barra superior, que é vista sem praticamente tirar os olhos da estrada. Esta segunda geração do BMW iX3 é apenas o começo de uma nova ofensiva elétrica. Segue-se o novo Série 3 com uma versão i3. Até 2027, a BMW vai lançar 40 modelos com base nesta nova filosofia.
Volkwagen: do ID.POLO ao T-Roc que mais parece um Tiguan
O ID.POLO é a maior aposta da Volkswagen. O construtor alemão abandona os modelos baseados em números como o ID3 e recupera a designação do modelo que é bem conhecida de várias gerações. Há cada vez mais oferta de elétricos do segmento B e são mais acessíveis.
Por isso, o grupo Volkwagen pegou na mesma plataforma para criar versões de outros marcas, com o Skoda Epic e o Cupra Raval. Já se sabe também que a fábrica da Autoeuropa vai produzir um elétrico, ainda mais compacto.
A segunda geração do T-Roc tem linhas que lembram o Volkswagen Tiguan. O carro obrigou a fábrica de Palmela a um investimento avultado, porque vai ter versões híbridas, que obrigaram a atualizar a linha de montagem. No interior, há dois ecrãs de grandes dimensões e alguns botões físicos.
Já a Cupra mostrou o protótipo chamado Tindaya com motorização híbrida e design arrojado, enquanto a Skoda olhou para o futuro com o Vision 0 Concept, uma carrinha aerodinâmica, com inteligência artificial e onde o interior muda de acordo com o ritmo circadiano para maior conforto dos ocupantes.
Na Audi, foi o Concept C que mostrou a nova linguagem de design que a marca quer introduzir. Não é só um exercício de estilo. Este carro vai passar a produção em 2027, no regresso um desportivo de dois lugares, mas elétrico. Sabe-se que não vai chamar-se Audi TT.
Por falar em desportivos, o novo Porsche 911 Turbo S é o 911 mais potente de sempre. São mais de 700cv que permitem ir dos 0 aos 100 em 2,5 segundos. A velocidade máxima atinge os 320 km/h. Menos exuberante é o novo Porsche Cayenne que vai ter uma versão 100% elétrica com a mesma plataforma do Macan. A marca anunciou também um sistema de carregamento wireless a 11kw para instalar em casa.
Marcas chinesas marcam presença - e há uma novidade vinda da Turquia
Se os alemães estiveram em força no salão de Munique, as marcas chinesas também. O The Next P7, da XPENG, chega em 2026 e vai ser a principal aposta da marca, que já tem capital do grupo Volkswagen, e que cada vez mais aposta no mercado europeu.
A Leapmotor já tem dois modelos em Portugal e há mais dois a chegar. O B05 chega em 2026, com uma autonomia de 420 km e promete ter um preço competitivo.
Há ainda para ver o novo modelo da Togg, uma marca que nasceu na Turquia há cerca de dois anos e meio e que agora se prepara para uma aventura europeia. Orgulham-se de ter uma plataforma própria e acreditam que podem vingar no mercado europeu, onde há cada vez mais marcas a aparecer no meio de outras já bem estabelecidas.
O Hyundai Concept Three é um familiar compacto que chega já no próximo ano e que deverá oferecer mais autonomia elétrica, embora ainda não se conheçam pormenores de motores e baterias.
O Kia EV5 é o novo elétrico da marca sul-coreana, com 530 quilómetros de autonomia, e com chegada ao mercado prevista ainda para este ano. A Kia expôs também o concept EV2., um futuro SUV compacto, com uma estética arrojada. A versão final deve chegar já em 2026.
Uma das revelações que gerou mais comentários foi a do Renault Clio, que rompe com o design do passado. Esta sexta geração está maior, aposta em motorizações híbridas e a gasolina e recebe o sistema de infoentretenimento com software Google que já está no Renault 5.
No polo oposto em matéria de estética está o Polestar 5, considerado um dos mais cativantes deste salão, que quer rivalizar com o Porsche Taycan. O preço mostra que vai ter de se bater com o segmento de luxo. Em Portugal, ainda não se sabe quanto vai custar, mas será seguramente acima dos 120 mil euros.
Ainda no capítulos dos exercícios de design extravagantes, está o Mini Deus Ex Machina Concept.
Na Opel, o Corsa GSE Vision Gran Turismo Concept pode parecer demasiado futurista mas antecipa as linhas do novo Opel Corsa, que vai ter uma versão elétrica musculada GSE.
O Salão de Munique pode não ter a adesão de todas as marcas, mas soube trazer os automóveis para junto do público. Muitos vêm de bicicleta, mas todos com a curiosidade de perceber o rumo do setor automóvel.