A inflação no Japão subiu para 0,8% em dezembro de 2021, segundo a estimativa publicada esta sexta-feira pelo Gabinete de Estatística do Japão. Desde setembro que a inflação está em terreno positivo, com uma trajetória de subida. Em novembro, os preços no consumidor tinham subido 0,6%.
O Japão é uma das quatro economias do G20 com taxas de inflação mais baixas registadas em dezembro. Nesse clube incluem-se, além do Japão (com a taxa mais baixa), a Arábia Saudita (1,2%), a China (1,5%) e a Suíça (1,5%). A distância do Japão para os líderes no surto inflacionário nas economias desenvolvidas é grande: em dezembro, os preços subiram 7% nos Estados Unidos, 6,7% em Espanha, 6,5% na Bélgica, 6,4% na Holanda, 5,7% na Alemanha e 5,4% no Reino Unido.
Depois de um período de quebra de preços (deflação) entre outubro de 2020 e agosto de 2021, a inflação mensal no Japão sobe, mas não chega a 1%. Os analistas esperam que essa trajetória continue em 2022. Estas variações são calculadas em termos homólogos, ou seja, em relação ao mesmo mês do ano anterior.
A puxarem os preços para cima em dezembro estiveram a energia (11,2%) e os produtos alimentares (2,1%), pelo que, sem essas pressões, o que os economistas chamam de inflação subjacente – excluindo essas componentes mais voláteis – situou-se em terreno negativo, com um decréscimo de -0,7%.
Apesar da subida nos últimos quatro meses do ano passado, a inflação anual em 2021 não conseguiu sair de terreno negativo, registando -0,2%, uma quebra de preços ainda maior do que no primeiro ano de pandemia (-0,03%). Os transportes e comunicações (preços caíram 5%) e os serviços (preços desceram 1,3%) foram responsáveis pela quebra anual.
O Banco do Japão (BoJ), na sua primeira reunião do ano realizada esta semana, avançou com a previsão de que a inflação anual subirá para 1,1% em 2022 e 2023, mesmo assim distante do objetivo de 2% da política monetária nipónica. Pelo que, ao contrário da Reserva Federal dos Estados Unidos ou da maioria dos bancos centrais, o BoJ mantém uma política de estímulos para pressionar a subida dos preços no consumidor e controlar o juro da dívida pública a 10 anos em torno de zero por cento. O outro banco central asiático companheiro de uma estratégia expansionista é o Banco Popular da China que, em 2021, viu a inflação anual cair para 0,9%, o nível mais baixo em onze anos.
Novo capitalismo nipónico
Para pressionar a subida dos preços, o novo governo nipónico – em funções desde novembro passado – avançou com uma estratégia global que chama de trazer o Japão para “um novo capitalismo”. Um dos focos dessa nova estratégia, apresentada pelo novo primeiro-ministro Fumio Kishida, é impulsionar uma subida dos salários dentro da lógica de um “ciclo virtuoso de crescimento e de distribuição”.
Kishida parece ter convencido os patrões japoneses. Uma das duas maiores confederações patronais, a Kedanren, já aderiu à política de subir salários. O governo prometeu dar incentivos fiscais para incentivar essas subidas.