Economista de formação, Rui Rio é casado, tem uma filha e é adepto do Boavista. Teve uma educação rígida, foi presidente da Associação de Estudantes, passou pela JSD, e tornou-se o presidente da Câmara do Porto que mais tempo esteve em funções. Chegou à liderança do Partido Social Democrata (PSD) em 2018. Pouco antes, chegou a admitir uma candidatura à presidência da República. Aos 64 anos, é o 18.º presidente do PSD e pode tornar-se primeiro-ministro, nas eleições legislativas de 30 de janeiro de 2022.
Líder da oposição desde 2018, Rui Rio diz que não quer ir para o poder “a qualquer preço, como fez António Costa em 2015″, referindo-se ao Governo da “Geringonça”. Mostra-se disponível para negociar – mesmo que não seja com o PS -, depois das eleições.
Os amigos descrevem-no como uma pessoa com sentido de humor, “um bocado forreta” e sem “opiniões definitivas à partida”, revelam numa entrevista à RTP. Já o social-democrata nega ser “casmurro e teimoso”, como outros amigos o apresentam.
Educação rigorosa, economia e início da carreira política
A educação “rigorosa e apertada” com que cresceu formatou Rui Fernando da Silva Rio para ser o que é hoje. Nas férias, o pai, que mantinha uma “certa distância”, tirava-lhe os brinquedos e obrigava-o a estudar.
Mesmo assim, na infância, ganhou quatro campeonatos seguidos de slot cars.
“Acho que foi a coisa para que tive mais jeito em toda a vida. Não treinava e ganhava tudo. ‘Pequenito’ ganhava mesmo aos mais velhos.”
Rui Rio, em entrevista ao Negócios
As corridas de automóveis, a astronomia e a bateria, instrumento que tocou, são alguns dos seus passatempos. Teve uma banda durante a juventude.
Rui Rio nasceu no Porto, a 6 de agosto de 1957. Entrou no Colégio Alemão com quatro anos, por vontade do pai, que queria que Rio fosse viver para a Alemanha, um país “com futuro”. O atual líder do PSD contou, numa entrevista ao Negócios, em 2009, que não foi para a Alemanha “porque não quis”.
“Sou mais rigoroso do que a maioria em Portugal, mas menos rigoroso do que os alemães”, afirma, acrescentanto que a ligação a Portugal e “fundamentalmente ao Porto” também o fez ficar.
O atual líder do PSD praticou vários desportos. Chegou mesmo a ser federado em atletismo.
Licenciou-se em Economia na Faculdade de Economia da Universidade do Porto. Foi presidente da Associação de Estudantes e membro do Conselho Pedagógico. Foi lá que falou pela primeira vez para a televisão.
Economista, iniciou a carreira na indústria têxtil, trabalhou na indústria metalomecânica e no Banco Comercial Português. Foi diretor financeiro da fábrica de tintas CIN e, entre outros cargos, administrador não-executivo do Metro do Porto. Teve um cargo na Ordem dos Contabilistas Certificados e foi diretor e vogal do Conselho Fiscal da Caixa Geral de Depósitos.
Entrou na política através da Juventude Social Democrata (JSD), depois da revolução de 25 de Abril de 1974. Durante dois anos, foi vice-presidente da Comissão Política Nacional.
Em 1991, foi eleito deputado à Assembleia da República, pelo Círculo do Porto, onde permaneceu durante 10 anos.
Foi secretário-geral da Comissão Política Nacional, entre 1996 e 1997, com Marcelo Rebelo de Sousa como presidente. A relação com Marcelo nem sempre foi fácil e Rio acabou por sair do cargo que ocupava por divergências com o então líder.
Autarca que mais tempo esteve à frente da Câmara do Porto
Foi no Porto que se licenciou, na Faculdade de Economia da Universidade do Porto, e foi lá que ganhou notoriedade durante os três mandatos enquanto presidente da Câmara Municipal, entre 2001 – derrotando o candidato socialista Fernando Gomes – e 2013. Foi o autarca que presidiu durante mais tempo a Câmara.
Na noite em que Rio ganha a Câmara do Porto, Santana Lopes ganha Lisboa contra João Soares. António Guterres, socialista, demite-se de primeiro-ministro.
Durante o mandato, Rui Rio foi criticado pela falta de apoio à cultura e teve em mãos dossiês como o Mercado do Bolhão, as corridas de carros na Boavista e o Túnel de Ceuta. O equilíbrio das contas e a aposta na requalificação dos bairros do Porto foram algumas das suas bandeiras. Ficou com o rótulo de gestor rigoroso.
Alguns colegas dizem que Rio é tímido. Raramente foi visto, por sua iniciativa, em passeio ou em restaurantes na Baixa do Porto.
Entre 2002 e 2005 foi vice-presidente do PSD, com os líderes Durão Barroso e Pedro Santana Lopes, e entre 2008 e 2010 com Manuela Ferreira Leite.
Enquanto foi autarca do Porto, foi também presidente do Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular durante dois anos e, entre 2005 e 2013, presidiu à Junta Metropolitana do Porto.
De costas voltadas para o maior clube da cidade, o Futebol Clube do Porto, e afastado do presidente Jorge Nuno Pinto da Costa, nunca abriu as portas da Câmara Municipal para os festejos de qualquer título dos dragões.
Depois de sair da Câmara, afastou-se da política durante algum tempo e, em março de 2014, assumiu funções como economista, em empresas na área da gestão de recursos humanos e voltou ao Millenium BCP.
Entre a presidência da Câmara do Porto e a liderança do PSD, chegou a ser falada uma possível candidatura à Presidência da República. Rui Rio ainda admitiu, em entrevista ao Alta Definição da SIC, que estava a ponderar a candidatura.
Foi vice-presidente do grupo parlamentar do PSD e porta-voz para as questões económicas.
Rio foi distinguido várias vezes
Ao longo da sua carreira política, Rui Rio foi distinguido além fronteiras: Hungria, Áustria, Estónia, Noruega, Polónia e Alemanha, além de ser Cavaleiro de Grã-Cruz da Pontifícia Ordem Equestre de São Gregório Magno do Vaticano ou da Santa Sé (3 de setembro de 2010), título concedido pelo Papa Bento XVI.
Em Portugal, contam-se condecorações da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, onde estudou, e do Ministério da Administração Interna, que lhe atribuiu a Medalha de Mérito da Proteção e Socorro.
Em 2006, recebeu a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal pelo na altura Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, e em 2014 recebeu a Medalha de Honra da Cidade do Porto.
Caminho como líder do PSD
Rio avançou para a candidatura à liderança do PSD no final de 2017, com 60 anos. Nas eleições diretas do partido, em janeiro de 2018, venceu o ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes, com mais de 54% dos votos. Tomou posse em fevereiro desse ano.
Em 2020, recandidatou-se a presidente do PSD e venceu Luís Montenegro numa segunda volta. Já em 2021, foi reeleito presidente do PSD, com 52% dos votos, contra 48% de Paulo Rangel.
Rui Rio é o 18.º presidente do PSD. Este é o seu terceiro mandato.
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