Abusos na Igreja Católica

Maior parte dos 424 testemunhos de abusos sexuais na Igreja Católica "já prescreveu"

O número foi avançado pelo coordenador da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa.

Maior parte dos 424 testemunhos de abusos sexuais na Igreja Católica "já prescreveu"
Lucas Ninno
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A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa já recebeu 424 testemunhos, revelou esta terça-feira o coordenador Pedro Strecht, assumindo que a maior parte dos crimes reportados já prescreveu.

"Há 424 testemunhos recolhidos pelas diversas formas englobadas no trabalho da Comissão. O número mínimo de vítimas será muitíssimo maior do que as quatro centenas e os abusos compreendem todas as formas descritas na lei portuguesa", afirmou o pedopsiquiatra Pedro Strecht, assinalando porém que “a maior parte das situações encontra-se juridicamente prescrita”, mas muitas vítimas querem um pedido de perdão.

Facto que, disse, “explica a grande diferença entre o número de situações recebidas pela comissão e aquelas que foram enviadas para o Ministério Público, de início de um total de 17 casos, sendo que agora existem mais 30 situações em estudo para idêntico procedimento”.

Pedro Strecht reiterou a postura da Comissão Independente de não comentar, confirmar ou desmentir notícias, como as que visaram recentemente o bispo de Leiria-Fátima e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), José Ornelas, por alegado encobrimento de abusos.

"A Comissão mantém-se atenta a todas as notícias respeitante a abuso sexual de crianças por membros da Igreja, ficando claro que até ao momento não sentiu qualquer limitação ou entrave à sua independência, nomeadamente por parte de qualquer membro daquela hierarquia", afirmou o pedopsiquiatra e líder da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica.

Por outro lado, vincou o propósito de não revelar publicamente os nomes de vítimas ou abusadores. Contudo, os nomes dos abusadores serão reportados à CEP e ao Ministério Público (MP).

As denúncias e testemunhos podem chegar à comissão através do preenchimento de um inquérito 'online' em darvozaosilencio.org, através do número de telemóvel +351917110000 (diariamente entre as 10:00 e as 20:00), por correio eletrónico, em geral@darvozaosilencio.org e por carta para "Comissão Independente", Apartado 012079, EC Picoas 1061-011 Lisboa.