A SIC falou com fiéis que dizem não ter ficado surpreendidos com a dimensão do escândalo dos abusos sexuais na Igreja Católica. Criticam o silêncio da Igreja e afirmam que é urgente haver mudanças para evitar mais casos no futuro.
“Acho que deve ser realmente a maior tristeza da Igreja neste momento, porque se na verdade eram conhecidos alguns casos (...) um número tão grande é de ficar pasmado”, afirmou o padre Amadeu Silva.
O padre Amadeu Silva, do Porto, mostrou a clara revolta que sente depois de nesta segunda-feira terem sido conhecidos os casos de abusos sexuais na Igreja Católica.
“Tenho vergonha disto, tenho vergonha. Fui ordenado padre para ajudar, para levar o evangelho a toda a gente e realmente isto envergonha-me”, disse.
Mas não é o único que se sente envergonhado. Em Fátima, nas habituais idas ao Santuário, também há quem não fique indiferente.
“Demorou muito tempo, as queixas eram muitas e os resultados são poucos e vão ser cada vez menos. Eu acho que a Santa Sé devia atuar”, diz à SIC um dos fiéis.
Independentemente da crença, a crítica de muitos fiéis é direta à Igreja e ao silêncio de tantos anos.
“A Igreja devia saber de certeza absoluta, só que nunca falaram”.
Segundo a comissão ainda haverá 100 padres suspeitos de abusos sexuais no ativo. Para os fiéis, a mudança passa pelas mãos da Santa Sé.
“Eu acho que não são 100, mas muitos mil. Só a Santa Sé poderá fazer alguma coisa. Fazer leis, condenar”.
A Conferência Episcopal pediu publicamente desculpa às vítimas de abusos sexuais, mas há quem acredite que a situação poderá ser ainda pior e que os números sejam ainda mais graves.
“Houve muitas denúncias que não foram feitas também”.
A SIC tentou falar com o Bispo do Porto, que diz que só haverá reações no final do mês depois da conferência episcopal.