Abusos na Igreja Católica

"O abuso sexual na infância é um fator de risco para o desenvolvimento de perturbações na idade adulta"

O psiquiatra Henrique Prata Ribeiro, o padre José Luís Borga e Ricardo Costa fazem a análise aos resultados apresentados pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica.

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A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica divulgou esta segunda-feira, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, as conclusões do trabalho realizado ao longo de 2022 e que resultou na recolha de centenas de testemunhos de vítimas.

No primeiro relatório do género divulgado em Portugal, admite-se que terá havido “no mínimo” 4.415 vítimas de abusos sexuais na Igreja.

O psiquiatra Henrique Prata Ribeiro revela que, na área de doença mental, sabe-se que o “abuso sexual na infância é um fator de risco muito relevante para o desenvolvimento de perturbações psiquiátricas na idade adulta”.

Na Edição do Meio-Dia da SIC Notícias, o psiquiatra considera que o relatório pode servir para que “mais pessoas se sintam à vontade para falar daquilo que lhes aconteceu”.

Também o padre José Luís Borga esteve na SIC Notícias para comentar as conclusões do relatório. “Estamos perante um problema mundial”, afirma.

O padre José Luís Borga diz que a Igreja tem agora de saber retirar ilações deste problema que é de poder, mas lembra que a Santa Sé foi a primeira instituição a reconhecer e a enfrentar os abusos.

Ricardo Costa considera que uma das “coisas mais brutais” que foi revelada no relatório foi o local onde os abusos sexuais ocorreram.

“Destes casos, 18,8% foram cometidos em igrejas, 14,3% no confessionário, 12,9% em casas paroquiais e 6,9% em escolas religiosas. Ou seja, quando olhamos para estas percentagens, há aqui uma questão que é o abuso da Igreja na própria igreja, naquele que devia ser um espaço de segurança”, conclui.

Veja aqui o relatório completo - “Dar Voz ao Silêncio”.