Das 21 dioceses, só duas - a das Forças Armadas e a de Santarém - não receberam qualquer nome da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa.
Em sentido oposto, as dioceses de Lisboa e do Porto foram aquelas que mais nomes receberam: 36 no total, 24 em Lisboa e 12 no Porto. Seguem-se as dioceses de Angra (Açores) e Braga, ambas com oito nomes de padres suspeitos de abusos, e a de Coimbra, com sete nomes.
Mas muitos destes nomes correspondem a pessoas que já faleceram, como foi percetível constar à medida que as dioceses foram divulgando a informação.
Quanto a padres suspeitos afastados preventivamente de funções foi uma decisão tomada em nove dioceses - Lisboa (dois), Porto (três), Vila Real (dois), Leiria (um), Açores (dois), Viseu (um), Braga (um), Guarda (um), e Évora (um) - de um total de 21.
Ou seja, no total, foram 14 os sacerdotes afastados do exercício do ministério na sequência das listas de nomes entregues pela Comissão Independente à respetiva diocese.
Os números da Comissão Independente
Recorde-se que a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica validou 512 testemunhos, apontando, por extrapolação, para pelo menos 4.815 vítimas. Vinte e cinco casos foram enviados ao Ministério Público, que abriu 15 inquéritos, dos quais nove foram arquivados.
Os testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, o espaço temporal abrangido pelo trabalho da comissão.
No relatório, divulgado em fevereiro, a comissão alertou que os dados recolhidos nos arquivos eclesiásticos sobre a incidência dos abusos sexuais "devem ser entendidos como a ponta do iceberg" deste fenómeno.
De seguida, a comissão entregou aos bispos diocesanos listas com nomes de alegados abusadores, alguns ainda no ativo.