Abusos na Igreja Católica

Fim da linha telefónica para denunciar abusos na Igreja preocupa Comissão Independente

Os membros da Comissão Independente assumem estar preocupados porque assim que terminou o estudo as vítimas deixaram de ser ouvidas.

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A Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais na Igreja está preocupada com o fim da linha telefónica. Os peritos consideram que as vítimas não têm confiança para denunciar os casos de abusos às estruturas eclesiásticas, as únicas que estão ativas neste momento.

Cada chamada durava entre 40 e 90 minutos e terminava quase sempre com um agradecimento da vítima por ter sido ouvida. Em nove meses, chegaram 365 à linha " dar voz ao silêncio". Mas a via telefónica deixou de estar disponível a 13 de fevereiro, depois da apresentação das conclusões do relatório final de abusos sexuais na igreja.

Os membros da Comissão Independente assumem estar preocupados porque assim que terminou o estudo as vítimas deixaram de ser ouvidas. Para a comissão é fundamental criar uma nova estrutura para continuar o trabalho que foi feito até agora.

"Temos tido dificuldade em chegar aos sítios mais profundos de Portugal, onde há pessoas com menos literacia e, portanto, estamos agora a tentar que esses testemunhos apareçam também. A igreja precisa de se empenhar mais", diz Daniel Sampaio.

Em comunicado, a Conferência Episcopal informava a 14 de março que as comissões diocesanas de proteção de menores nunca deixaram de estar ativas.

Durante o estudo que durou cerca de um ano os peritos da comissão independente concluíram que quem foi abusado, na maior parte dos casos por um padre, não tem confiança nas comissões diocesanas e por isso podem deixar de procurar ajuda. No total foram recolhidos mais de 4 mil e 800 testemunhos.

Agora, a comissão defende que deve ser formada uma nova equipa e aberta uma nova linha telefónica para apoiar as vítimas antigas e futuras.