Abusos na Igreja Católica

Extinta Comissão Independente quer novo canal que receba queixas de abusos na Igreja Católica

~Continuam a chegar queixas à extinta A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa.

Conferência de imprensa da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa, (E-D) Filipa Tavares, Ana Nunes de Almeida, Pedro Strech, Álvaro Laborinho Lúcio, Daniel Sampaio e Catarina Vasconcelos, para apresentação do relatório final, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa
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Os membros da extinta Comissão Independente para o estudo dos casos de abuso sexual de crianças na Igreja apelam à criação de um novo canal que continue a receber queixas, uma vez que a eles não cessam de chegar denúncias.

O relatório final da comissão independente que investigou os abusos sexuais na Igreja, que chocou o país, contabilizou pelo menos, 4.815 casos. Um número que peca por defeito uma vez que, aos membros da comissão de inquérito, já extinta, continuam a chegar denúncias, na rua, via e-mail, telefone, como revelou Daniel Sampaio ao Jornal Público.

À SIC, o psiquiatra sublinha que é importante a "criação de uma nova comissão, composta por membros da Igreja, mas também independentes para dar continuidade ao trabalho já começado".

O especialista recomenda ainda "às vítimas que ainda não estão em tratamento e que se sintam mal, se dirijam a uma urgência de Psiquiatria".

Para que não fique a ideia de que à extinção da primeira comissão correspondeu o fecho de portas às vítimas, o novo grupo de trabalho devia abrir caminho a quem temeu, hesitou até agora.

Essa seria mais uma via para ajudar a sarar esta ferida que ainda está em carne viva para muitos que já não têm canais abertos, porque os inquéritos para preenchimento pelas vítimas já não está disponível.

Como explicou Daniel Sampaio ao Público, a nova comissão devia ser composta por psicólogos, assistentes sociais, juristas, terapeutas familiares, sociólogos que avaliassem de forma independente as denúncias, as validassem e enviassem para o Ministério Público. Um grupo independente da Igreja que também pudesse propor medidas a aplicar ao infrator, valor das indemnizações a atribuir às vítimas e que tipo de acompanhamento deveria ter quem dele carece.

A 3 de março, a Assembleia Plenária Extraordinária de Bispos portugueses reúne-se para analisar o resultado do relatório. Só depois dessa data se espera que a Igreja anuncie as medidas que via adotar sobre este escândalo.