Durante a audição na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias da Assembleia, a socióloga Ana Nunes de Almeida desafio o Parlamento a lançar um inquérito nacional sobre abusos sexuais às crianças na sociedade portuguesa, à semelhança da França.
Assim, o objetivo seria "ter a medida do que é que isto representa em termos de incidência nacional".
Deixado o apelo, segue uma crítica à Assembleia dirigida pela socióloga: “Mas isto envolve dinheiro, envolve vontade, envolve competência”.
“Mas nada que se compare aos muitos milhares de euros que andam por aí a voar, muitos milhares de milhões de euros que andam por aí a voar em outros setores”, comentou, acrescentando: “Era este o apelo que eu deixava à Assembleia da República. São ‘peanuts’ [é uma ninharia]”.
O presidente da comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, Fernando Negrão, comentou: “Haja vontade política”.
Sobre as entidades contactadas pela comissão, Ana Nunes de Almeida assinalou que tiveram de “mover mundos e fundos” para conseguir divulgar o apelo ao testemunho “e não foi só no interior da Igreja, foi também na sociedade civil”.
Segundo a socióloga, “se não fosse a comunicação social e certos órgãos de comunicação social”, esse apelo não passava, pois “houve uma espécie de um silêncio e de um alheamento e de uma negligência de grupos, de organizações que trabalham com as crianças, que lidam com crianças, para não falar dos municípios, das juntas de freguesia, dos centros de saúde, do sistema de saúde”, entre outros.