Acidente no Elevador da Glória

Empresa que fazia manutenção do Elevador da Glória estava instalada em morada sem contrato

A Main estava instalada no Parque Tecnológico no Monte da Caparica, da Universidade Nova de Lisboa, mas nunca fez qualquer contrato de arrendamento. A administração fala em utilização abusiva de morada.

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A empresa que fazia a manutenção do Elevador da Glória teve sede social durante 10 anos num local onde nunca esteve. Trata-se do Parque Tecnológico no Monte da Caparica ligado à Universidade Nova de Lisboa. A administração do parque diz que a empresa utilizou abusivamente a morada, sem existir qualquer contrato. 

O Madan Parque ainda hoje recebe correio da empresa, conhecida como Main, apesar já ter sede numa loja em Almada. O Parque Tecnológico garante que nunca teve qualquer contrato de arrendamento com a Main, nem com a outra empresa a Geratriz, que tem os mesmos donos e que também usou a mesma morada.  

Alcino Pascoal assessor da administração do parque tecnológico disse ao jornal Público que as empresas utilizaram abusivamente e à revelia do mesmo a morada do parque.  

“A empresa MNTC – Serviços Técnicos de Engenharia, Lda. nunca teve qualquer relação com a universidade nem com a UNINOVA”, assegurou. 

Apenas a Geratriz, Lda teve um acordo de cedência de espaço em 2010, no edifício 6 - que naquela data estava sob gestão da UNINOVA e não do parque tecnológico. Um acordo que terminou em 2023.  

Nos contratos assinados com a Carris, tanto em 2019 como em 2022, é possível comprovar que a morada que a Main usou é a do Madan Parque, na Rua dos Inventores, na Caparica.  Apenas no último contrato - assinado há uns dias e já por ajuste direto - a morada indicada é a atual.

Na loja que serve agora de morada fiscal da empresa não há qualquer identificação visível da Main, que declarou ter 28 trabalhadores, mas, segundo relatos dos vizinhos, apenas uma pessoa é vista a trabalhar naquele local.  

Anomalia não foi detetada em inspeção dois dias antes

A Carris divulgou, esta quarta-feira, que a empresa contratada fez a manutenção mensal do elevador a 1 de setembro, dois dias antes do descarrilamento.  A operação demorou cerca de duas horas e envolveu quatro procedimentos.

De acordo com o Expresso, um dos procedimentos terá sido a lubrificação com óleo do cabo de equilíbrio do elevador. O cabo que, segundo o relatório preliminar, cedeu.  Foi ainda feito um teste elétrico do cabo e uma inspeção visual e no relatório consta que não foi detetada nenhuma anomalia. 

Desde o trágico acidente que matou 16 pessoas e feriu 22 que o site da Main está em baixo.